O poderoso chefinho tem um bom enredo, mas está longe de ser memorável

Roubando a atenção e a cena – O chefinho é a alma do longa
Roubando a atenção e a cena – O chefinho é a alma do longa

Guilherme Hansen

Todos já sabem que a Disney é soberana em suas animações, tanto na qualidade gráfica, como em seus roteiros e sinopses. Porém, a Dreamworks não deixa por menos e surpreende com histórias muito atrativas para as crianças. O Poderoso Chefinho, lançado no último dia 30 de março e dirigido por Tom McGrath (Madagascar, Megamente), é um bom exemplo de enredo interessante, apesar de simples.

Tudo começa quando Tim, um menino de 7 anos, se desespera ao saber que irá ganhar um irmão, pois teme perder o “trono” em casa. Isso gera uma identificação de cara dos espectadores mais pequenos com o personagem, já que a possibilidade de perder a atenção exclusiva dos pais gera ciúme e insegurança a qualquer criança.

A situação se intensifica quando o bebê em questão é, na verdade, um executivo infantil, que vive como uma pessoa adulta. O “boss baby” é enviado pela empresa BabyCorp, que precisa impedir a fabricação de cãezinhos em massa cujo intuito é suplantar as crianças na preferência dos pais. A princípio, os dois “irmãos” se estranham, porém, unidos pelo objetivo comum de livrar-se da companhia um do outro, agem para deter a ação da empresa de pets, na qual os pais de Tim trabalham.

O filme tem boas sacadas, é divertido e prende o espectador. Isso porque os personagens principais são muito bem construídos – é impossível não se divertir com as piadas sarcásticas do “bebê chefinho”, além das aventuras criadas pela imaginação de Tim, em cenas visualmente atraentes. Tudo isso num amontoado de referências a clássicos como Mary Poppins e Indiana Jones, bem como a Toy Story – neste, é através do telefone usado pelo “boss baby”, que é idêntico ao aparelho usado por Buzz Lightyear na célebre trilogia da Pixar.

Tim e seu irmão chefinho – um conflito e várias referências
Tim e seu irmão chefinho – um conflito e várias referências

Entretanto, mesmo com alguns acertos, o filme falha em alguns pontos, o que prejudica o seu resultado final. Não é difícil entender que o longa deseja fazer uma crítica aos excessivos mimos que as pessoas têm dado a animais de estimação, tratando-os como verdadeiros filhos. A única pena é que isso acontece de maneira caricata e pouco aprofundada, pois o vilão da história, dono da companhia de pets, não passa de um “adultescente” ressentido que não se conforma por ter sido excluído da BabyCorp no passado e agora quer prejudicar todas as crianças, apenas para proveito pessoal.

Ademais, após o êxito da missão de impedir a supremacia animal, Tim e seu “irmãozinho” se apegam devido à convivência forçada e sentem falta um do outro quando precisam se separar. Isso acaba descaracterizando o Chefinho, que se transforma numa criança sentimental de repente, apesar de nunca ter convivido com uma família. Isso contribui para que o desfecho do longa fique um pouco piegas, servindo principalmente para causar uma comoção instantânea no público infantil.

O poderoso chefinho termina como um filme que tinha potencial para entrar na galeria de grandes animações, como “Zootopia” e “Divertida mente”, da Disney e a aclamada franquia “Shrek”, da própria Dreamworks. Porém, apesar de cumprir sua missão de entreter, é apenas um filme correto e que dificilmente deixará lembranças profundas nos espectadores.

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