Os melhores discos de Setembro/2016

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Após quatro meses de seca, enfim habemus discos de real destaque em 2016 novamente! Vários lançamentos aguardados estavam agendados para este mês, e felizmente não fizeram feio – alguns já se mostram concorrentes fortes para as derradeiras listas do final do ano. Confira abaixo a nossa seleção, com os mais variados gêneros.

Angel Olsen – MY WOMAN

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indie rock

Depois do sucesso folk de “Burn Your Fire for No Witness”, Angel Olsen abandona o lo-fi e se reinventa em um grande disco de rock, onde passeia por uma miríade de influências do gênero, especialmente os artistas dos anos 70, como Neil Young e Fleetwood Mac, experimentando até com synthpop e R&B, em um disco que consolida a cantora como um dos nomes de uma nova geração de compositoras folk, junto de nomes como Mitski e Julia Holter. (MF)


Bon Iver – 22, A Million

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indie rock

Já distante da cabine de For Emma, Forever Ago e das orquestrações de Bon Iver, Bon Iver, 22, A Million é um álbum de grande complexidade artística, repleto de samples e glitches, de títulos crípticos e momentos onde a voz de Justin Vernon vai além de seus famosos falsettos e se transforma em instrumentos processados, mostrando porque o americano é um dos mais influentes de sua geração, inspirando até nomes titânicos, como o rapper Kanye West, que declarou considerar Bon Iver seu artista favorito. (MF)


Danny Brown – Atrocity Exhibition

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hip hop experimental

Em Atrocity Exhibition, Danny Brown foge de todos os lugares comuns do hip-hop contemporâneo. O álbum foi lançado pela Warp, gravadora de música eletrônica responsável por nomes como Aphex Twin, e tem o título inspirado pelo livro de JG Ballard e pela música do Joy Division de mesmo nome. Entre as influências musicais são citados Björk, Talking Heads e System of a Down.

O resultado é um álbum caótico e claustrofóbico, com uma produção repleta de elementos heterodoxos, que expande os limites do hip-hop de uma maneira não vista desde Money Store e Yeezus. Destaque para Really Doe, que conta com a participação de Kendrick Lamar. (MF)


Douglas Germano – Golpe de Vista

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samba torto

Em um ano onde a palavras golpe, complexo e (álbum) fraco predominam no Brasil, o sucessor de Orí (2011) se aproveita do contexto caótico pelo qual o país atravessa para subverter os parâmetros do samba tradicional – ainda que traços de raiz estejam aqui e acolá – e, assim como os parceiros de movimento no Metá Metá, se garante como uma das exceções nacionais na safra pálida de 2016.

As doze faixas são diretas, pontiagudas e marcantes (são “apenas” 25 minutos de música no total), alternando entre canções já gravadas por outros artistas da prolífica cena paulistana de samba torto/samba sujo/pós-samba (“Maria da Vila Matilde”, “Canção Pra Ninar Oxum”) e as aguardas inéditas do compositor – não chame de sambista! Daqueles álbuns para se ouvir repetidas vezes e nunca enjoar, além de um belo tapa na cara dos detratores de novos talentos da música brasileira. Para coroar, está disponível legalmente no YouTube. (NV)


Jenny Hval – Blood Bitch

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pop experimental

Uma das artistas mais intrigantes da década, esta norueguesa chamou atenção de público e crítica por seus álbuns liricamente conceituais e musicalmente complexos. No entanto, em alguns deles a execução acabou ficando aquém da ambição, deixando aquele gosto amargo do “quase”.

Em Blood Bitch isso não acontece: o instrumental é muito bem resolvido, com sintetizadores góticos sendo o carro chefe do trabalho. Mas é nas letras que se encontra o brilho do álbum. Hval aborda o fenômeno da menstruação, os tabus relacionados a ele e os mitos bizarros inventados sobre tal acontecimento – traçando paralelos com a idade média e filmes trash de vampiros dos anos setenta. Na teoria parece intrigante, e na prática é ainda melhor. (NV)


Neurosis – Fires Within Fires

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pós-metal, sludge metal

Uma das bandas mais influentes do metal noventista, o quinteto dos EUA nunca chegou ao mainstream, e isso só fez bem ao grupo, que pode trabalhar sem grandes pressões, desenvolver novos vértices para o seu som característico (uma amálgama com elementos de metal, hardcore, rock progressivo, industrial, folk e post rock) e sempre entregar discos acima da média.

Fires Within Fires não é exceção. Com a proposta de resumir a carreira do grupo, os quarenta minutos (para o estilo da banda, é pouquíssimo tempo) de duração do álbum passeiam pelas diversas fases da banda, com peso e reflexividade andando de mãos dadas e permanecendo onipresentes nas cinco faixas. Conciso e fluído, este novo play do Neurosis é um ótimo demonstrativo de seu diferencial: em tempos de discos gigantes e morosos lançados por discípulos da banda, os caras conseguem passar o recado em menos de uma hora e ainda despertar a vontade de revisões. (NV)


Nick Cave & The Bad Seeds – Skeleton Tree

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música triste, drones

Por três décadas, o australiano Nick Cave e sua trupe permaneceram como uma espécie de anti-heróis do post punk, com temas sombrios sendo a espinha dorsal da obra do conjunto, apoiados por diferentes abordagens instrumentais a cada novo álbum.

Para este aqui, não apenas a musicalidade mudou, como também o ponto de vista por trás do lirismo de Cave: saem as observações mórbidas sobre serial killers famosos, entra a nudez poética em primeira pessoa. O peso da perda do próprio filho (morto após cair em um penhasco, sob influência de lsd) é sentida em cada segundo do álbum, tanto pela narrativa – em vários momentos, Nick opta por declamar ao invés de cantar – quanto pela ambientação do disco, repleta de drones soturnos (alguns momentos remetem ao som do Godspeed You! Black Emperor). Mais uma vez, a banda conseguiu extrair beleza da escuridão – e como. (NV)


Nicolas Jaar – Sirens

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eletrônico

Com apenas 21 anos, o produtor chileno já encantava o mundo com seu debut, Space is Only Noise, eleito álbum do ano pelo blog Resident Advisor, e com seus DJ sets, melhores exemplificados em sua playlist para a BBC Radio 1, até hoje uma das mais aclamadas da história da estação.

Agora, 5 anos depois, Jaar lança seu segundo álbum solo, Sirens, dando sequência à suas amálgamas minimalistas e hipnóticas de diversos gêneros eletrônicos, margeados pelo vocal R&B do próprio produtor. Como uma notícia boa adicional, foi anunciado que o artista se apresenta no Brasil em fevereiro de 2017, no Dekmantel Festival.


Preoccupations – Preoccupations

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Pós-punk

O Preoccupations está no início da carreira, mas já passa por mutações interessantes. O quarteto lançou sua estreia, um dos melhores discos de 2015, sob o nome Viet Cong. Contudo, polêmicas quanto a um suposto caráter ofensivo forçaram a mudança que, no fim das contas, é insignificante se comparada ao novo álbum dos canadenses (mas, nome meio chinfrim, não?).

O disco anterior apostava na sonoridade claustrofóbica do pós-punk tradicional com toques de noise rock. A fórmula não mudou tanto a partir daí, mas é inegável a veia melódica mais proeminente neste segundo trabalho. Guitarras distorcidas e sintetizadores melodiosos dividem espaço na atmosfera sombria: é como se Joy Division e New Order se esbarrassem. O vocalista Matt Flegel soa quase otimista em alguns momentos. As nove canções não fogem a esse padrão, o que resulta em um trabalho fluido e coeso. Não se preocupe, a satisfação é garantida. (GL)

 

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