Fine Line finalmente entrega o que Harry Styles prometeu com seu primeiro álbum

A icônica capa de Fine Line foi fotografada por Tim Walker, um grande amigo do artista (Foto: Reprodução)

Lara Ignezli

Fine Line nos convida a assistir a uma história de amor protagonizada por seu criador, através de uma ótica melancólica e, principalmente, nostálgica. As músicas carregadas de influências do pop, do rock clássico e do marcante R&B psicodélico transparecem em suas letras a vontade desesperadora que Harry Styles tem de estabelecer uma comunicação com o “sentir”. 

Em seu primeiro álbum de estúdio autointitulado, em 2017, o ex-membro da One Direction parecia prestar uma homenagem aos grandes nomes do rock clássico. Não era uma afirmação de como seria o futuro, mas uma contemplação de tudo que o levou até aquele momento.

E é importante frisar que suas referências não ficam para trás nesse novo álbum. Cherry é uma faixa que descende diretamente de Fleetwood Mac, enquanto She poderia ter sido lançada pelo Pink Floyd

Harry cantando ao lado de Stevie Nicks, que fazia parte de Fleetwood Mac no show de lançamento do álbum (Fonte: Rolling Stones)

Mas é interessante perceber como o cantor se entrega nos novos versos. Para quem ouve, ficam claros os conflitos amorosos vividos com sua ex-namorada, a modelo Camille Rowe. A música Lights Up, em contrapartida, é o desabafo metafórico de alguém que acabou de se resolver com sua bissexualidade — e não coincidentemente foi lançada no “Dia de Sair do Armário”, uma data criada pela comunidade LGBT+.

Agora Styles possui a própria assinatura e (por que não?) o próprio universo. Adore You, o terceiro single lançado, ganhou um lugar fictício para seu videoclipe, uma ilha chamada Eroda (ao contrário, “adore”). 

O single estabelece uma conexão entre aquilo que é platônico e o mundo real. Em todos os sentidos. O videoclipe nada tem a ver com letra da música; é uma nova narrativa cheia de simbolismos e efeitos especiais.

 A história, narrada pela cantora Rosalía, conta a vida de um menino que foi isolado pela população nativa e encontrou em um peixe suicida seu único amigo. Sim, isso mesmo. Em um peixe suicida.

Quanto à letra, também é possível apontar fatores fantásticos, porém muito mais ligados ao romantismo. Expressões como  “I get so lost inside your eyes” e “I’d walk through fire for you”, descrevem uma relação em que a pessoa amada é quase uma entidade, distante e perfeita. Uma forma de amor irreal.

 

A linha tênue entre o único e o universal

Talvez essa a linha tênue (tradução livre da expressão “Fine Line”)  sintetize o álbum: o que reside entre o único e o universal. São sentimentos intransferíveis, que apresentam as vivências particulares de Harry Styles ao público, maravilhosamente traduzidos em palavras universais. As melodias, envolventes, dão um quê contemplativo às músicas e tornam tudo mais gostoso de ser ouvido.

Fine Line arrebatou as principais paradas de sucesso norte americanas. Conquistou o topo da Rolling Stones 200, o topo da Billboard 200, emplacou sete músicas na Billboard Hot 100 e já é considerado o terceiro maior lançamento do ano nos Estados Unidos, também pela Billboard.

São doze faixas que, não é cedo para afirmar, se tornaram atemporais, co-produzidas por Kid Harpoon – conhecido por trabalhar com Florence + The Machine – e Tyler Johnson – que já trabalhou com grandes nomes do pop, como Taylor Swift.

O mundo aplaude enquanto Harry Styles se afasta cada vez mais da imagem da One Direction e da sombra de suas referências. A promessa feita no primeiro álbum, de que coisa boa ainda estava por vir, foi cumprida com Fine Line. E, como sempre, fica o gostinho de quero mais.

 

Deixe uma resposta