Com Amor, Van Gogh: uma aventura estética

(Foto: Reprodução)

Rayanne Candido

Com Amor, Van Gogh trata-se de uma cinebiografia inspirada no pintor holandês Vincent Willem van Gogh e foi um dos grandes destaques do cinema em 2017. O projeto se concretizou quando a polonesa Dorota Kobiela conheceu Hugh Welchman (ganhador do Oscar pelo curta-metragem Pedro e o Lobo em 2008), e juntos criaram a primeira animação feita inteiramente por pinturas de óleo. O custo total foi cerca de 18 milhões de reais.

Para a produção do longa mais de 100 artistas pintaram manualmente no estilo e nas técnicas do pai da arte moderna os 65 mil quadros que compõem a trama, exigindo muita paciência e trabalho (o projeto demorou 6 anos para finalmente ficar pronto). O processo envolveu gravações com atores reais e boa parte das pinturas foram feitas com base nessas filmagens, a partir da rotoscopia (técnica de animação em que um modelo humano é filmado em sequência e o desenho é feito com base nessa captura) e da junção das linguagens do cinema e da pintura. O grande resultado é a aventura estética que a trama proporciona. Definitivamente, não é uma animação convencional.

O enredo se passa um ano após o suicídio do pintor. O carteiro Roulin (Chris O’Dowd) pede que seu filho Armand Roulin (Douglas Boothque) entregue a última carta de Vincent ao seu irmão Theo em Arles, no sul da França. Porém, ao descobrir que ele também morreu, Armand dá início à uma jornada em busca das pessoas que tiveram contato com Van Gogh desde sua chegada a Paris e tenta entender os acontecimentos em torno de sua morte. É com base nos depoimentos dos personagens – cujas lembranças são apresentadas em preto e branco – que a trama se desenvolve e a trajetória do artista é relembrada.

De cores vivas e vibrantes até frias e sombrias, o filme é marcante visualmente, composto por uma trilha sonora que ressalta toda a melancolia em torno da trajetória de Armand e faz jus à vida do pintor até seus momentos finais. Além disso, a animação revisita personagens e locais criados pelo holandês: as referências aos seus quadros estão presentes do inicio ao fim do longa.

Após a leitura de mais de 800 cartas escritas por Vincent Van Gogh, a polonesa Dorota Kobiela se inspirou e resolveu homenagear o pintor holandês (Foto: Reprodução)

Ao contrário do que se pensa, o pintor só obteve reconhecimento após sua morte, vendeu apenas um quadro em vida – supostamente, para um amigo a um preço bem baixo. Passou fome e frio, conheceu a miséria e a solidão, começou a pintar com 27 ou 28 anos de idade e suas obras somam mais de 800 telas. Atualmente, Vincent van Gogh é considerado o maior pintor holandês depois de Rembrandt. Muitas de suas pinturas estão entre as mais caras do mundo.

Além de imergir na trajetória do pintor, “Com amor, Van Gogh” demonstra como a depressão pode interferir na vida de alguém, exatamente o que o pai da arte moderna enfrentava. Devido ao pouco conhecimento sobre depressão e outros problemas de ordem psíquicas ou psiquiátricas, Van Gogh foi tido como louco na época e para muitos mantém essa reputação até hoje, viveu nos limites de tudo que era considerado normal.

A trama é praticamente uma extensão dos quadros de Van Gogh (Foto: Reprodução)

Deixe uma resposta