Todo Mundo (Ainda) Tem Problemas Sexuais (e amorosos)

Cena do filme Todo Mundo (Ainda) Tem Problemas Sexuais. Em um ambiente bem decorado, uma mulher de expressão séria, com cabelo curto castanho e usando uma blusa estampada, está sentada atrás de uma mesa, observando atentamente duas pessoas que aparecem de costas no enquadramento. A mesa está repleta de objetos eróticos, incluindo brinquedos sexuais e acessórios, sugerindo um contexto de conversa aberta sobre sexualidade. Ao fundo, uma estante organizada com livros e pequenos ornamentos contribui para a atmosfera aconchegante e reflexiva do espaço, reforçando o tom direto e provocativo da cena.
Renata Paschoal também é fundadora da produtora Forte Filmes, presente no Cinema, Teatro e Televisão (Foto: Forte Filmes)

Henrique Marinhos

Em competição na seção Novos Diretores da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Todo Mundo (Ainda) Tem Problemas Sexuais é uma Comédia que explora as delícias conflituosas dos relacionamentos contemporâneos. São quatro histórias que, apesar de independentes, se conectam por suas temáticas: trisal, anal, se apaixonar no ambiente profissional e com quem vamos ficar no final. O filme, dirigido por Renata Paschoal, brinca com as inseguranças e desejos humanos sem pudores.

A sequência de histórias tem uma pegada leve, mas nem sempre. Em alguns momentos, soa um pouco forçado, quando repete um estilo de piada muito perto da anterior, no entanto, na maioria das vezes, arranca boas risadas quando você embarca no tom do filme desde o começo. As situações nos deixam levar pelo ridículo das circunstâncias, nos identificando com aqueles momentos de vulnerabilidade que todos já passaram, mas preferem esquecer.

Não dá para esquecer que estamos falando da seção Novos Diretores – há sim alguns amadorismos na construção do filme. Por sorte, esses deslizes acabam dando um certo charme à produção. As atuações são ingênuas e deliciosas. Júlia Maggessi, ex-atriz mirim de Laços de Família, está aqui em sua estreia no Cinema e se destaca em meio a um elenco que mistura rostos conhecidos da Televisão e da internet, como Letícia Lima, Hélio de La Peña e outros atores novos, cada um trazendo uma abordagem única e divertida para os dilemas dos seus personagens.

Cena do filme Todo Mundo (Ainda) Tem Problemas Sexuais. Em uma sala de cinema, três pessoas estão sentadas lado a lado, rindo de forma descontraída. À esquerda, uma mulher de cabelo escuro e vestido claro com bordados de corações sorri amplamente. No centro, um homem com barba curta e camisa lilás exibe um sorriso aberto, transmitindo alegria. À direita, uma mulher ruiva com tatuagens nos braços repousa a cabeça no ombro do homem, sorrindo de maneira suave e afetiva. Ao fundo, outras pessoas estão dispersas pelas poltronas, contribuindo para o clima leve e divertido da cena, evocando momentos de companheirismo e descontração compartilhada.
Letícia Lima, Dudu Azevedo e Sophia Abrahão interpretam um trisal tragicômico (Foto: Forte Filmes)

O título Todo Mundo (Ainda) Tem Problemas Sexuais faz alusão ao original de Domingos Oliveira, Todo Mundo Tem Problemas Sexuais (2008). Mesmo depois de tantos anos, é engraçado (e um pouco amargo) perceber que os dilemas continuam os mesmos. Apesar de todo o progresso, ainda estamos presos aos nossos desejos, inseguranças e incertezas. No fim, os problemas amorosos e sexuais são universais e atemporais – e isso é o que torna o filme tão identificável e próximo de quem assiste.

Nesse, as quatro histórias são breves explorações de diferentes aspectos dos relacionamentos. A primeira trata de um casal que se torna um trisal – Sophia Abrahão interpreta a que chegou depois –, com óbvios sentimentos inesperados; a segunda traz à tona traumas e preconceitos íntimos; a terceira é uma aula sobre os efeitos da paixão na ereção; e a quarta fala sobre a busca por novas experiências antes do compromisso definitivo do casamento.

Renata Paschoal nos faz refletir sobre as inseguranças e vulnerabilidades de qualquer relação, de um jeito leve – visão que, muitas vezes, esquecemos de ter. Potencializada pela montagem de Duda Benevides, as histórias prendem nossa atenção do começo ao fim, com uma troca ágil que mantém o filme com um bom ritmo, não há como não ficar curioso para o que virá a seguir. 

No fim das contas, o longa nos lembra que problemas amorosos e sexuais sempre existirão e que isso faz parte da jornada – a graça está em saber rir de nós mesmos. Mesmo que o humor às vezes seja um pouco demais, a honestidade da narrativa é o que torna Todo Mundo (Ainda) Tem Problemas Sexuais tão divertido e relacionável. Afinal, no jogo do amor, ainda estamos todos tentando descobrir as regras.

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