Júlia Paes de Arruda
O ano de 2014 foi o mais aguardado para os fãs de John Green. No dia 5 de junho, foi lançada a adaptação cinematográfica de seu famoso livro, “A Culpa é das Estrelas”. Foi a época em que fomos apresentados para Hazel e Gus da vida real (interpretados por Shailene Woodley e Ansel Elgort), a perfeita junção amorosa dos atores de Divergente.
Na sua primeira semana em cartaz, o longa arrecadou 48,2 milhões de dólares e ficou em primeiro lugar nas bilheterias nos Estados Unidos, superando os filmes em cartaz da época como “Malévola”.
O enredo conta a história de Hazel Grace e Augustus Waters, dois adolescentes diagnosticados com câncer que se encontram num grupo de apoio. Hazel, conformada com seu câncer pulmonar, sempre se mostra muito fria e muito fechada para relacionamentos. Seu único companheiro é Felipe: o carrinho que lhe dá oxigênio; já Augustus (vulgo Gus), é extrovertido e carismático. Talvez porque o câncer (osteossarcoma) não dava sinais há algum tempo.
A adaptação é, de modo geral, mais um clássico filme de romance adolescente visto em “Para todos os garotos que já amei”. O que muda são as circunstâncias em que as personagens principais são apresentadas. Desde o primeiro momento, tanto no filme quanto no livro, já sabemos que o casal ficará junto. Só nos restava a dúvida se o câncer iria separá-los ou uni-los ainda mais. Infelizmente, a primeira opção é a que se concretiza.
Ansel Elgort parece estar mais familiarizado com seu papel nesse filme. Depois da sua fraca e sem graça atuação como Caleb Prior em Divergente, havia indícios de que sua escolha como Gus deixaria os fãs decepcionados. Entretanto, o ator fez jus às expectativas e provou que nasceu pra ser Augustus Waters.
O mesmo é visto em Woodley. A atriz se mostra mais expressiva e mais confiante ao interpretar Hazel do que Tris. Deve ser por causa disso – a falta de identificação com as personagens – que a saga Divergente parou de adaptada para o cinema.
A obra de John Green foi inspirada na vida da sua amiga Esther Earl, uma adolescente diagnosticada com câncer na tireoide e tumores pulmonares. Green conheceu Esther em 2009 e ficaram amigos até a morte dela, em 2010, com apenas 16 anos.
Esther fazia vídeos no YouTube mostrando que, apesar da doença, mantinha o bom humor e esperança. Além disso, servia de inspiração para muitas pessoas que acessavam seu vlog e as que estavam nos mesmos grupos de apoio que ela. Ao final de tudo, John Green deve a ela todo seu sucesso com A Culpa é das Estrelas.
O título do livro de Green, segundo o próprio autor, faz referência a uma obra de Júlio César, de Shakespeare. Nela, “estrelas” significa destino. Na frase original, Cassius diz a Brutus: “A culpa, querido Brutus, não está em nossas estrelas / Mas em nós mesmos, que somos subalternos.” Por causa disso, ele tentou escrever um texto que, mesmo vivendo num mundo injusto, os homens conseguiriam ter uma vida feliz.
Olhando por esse lado, Green realmente passou essa mensagem. A todo momento, Hazel, Gus e Isaac – melhor amigo de Gus diagnosticado com um raro câncer nos olhos – fazem brincadeiras sobre a sua vivência com a doença, como a pouca capacidade de Hazel e a cegueira de Isaac. Essa sutileza da doença na trama faz A Culpa é das Estrelas ser um filme leve, emocionante e gostoso de se assistir.
No ano seguinte, depois do sucesso de “A Culpa é das Estrelas”, uma nova adaptação de John Green chegou nos cinemas. Cidades de Papel foi estrelado por Nat Wolff (que interpretou o melhor amigo de Gus na adaptação anterior) e Cara Delevingne.
A trama gira em torno de Quentin Jacobsen (Wolff) que possui uma paixão platônica por sua vizinha e colega de sala Margo Roth Spiegelman (Delevingne). Certo dia, Margo desaparece – algo não muito inusitado – e Quentin sente-se no dever de seguir pistas deixadas por ela para poder encontrá-la.
Ao contrário de A Culpa é das Estrelas, Cidades de Papel não é uma história de amor. A relação dos dois não ultrapassa os limites da amizade (se é que pode ser chamado de amizade). Porém, pela história ser narrada por Quentin, o público espera que, após a viagem, algo a mais pudesse acontecer. E isso não é verdade – ainda bem. O final mostra que os dois podem ser felizes sim, mas completamente separados um do outro.
Depois de cinco anos sem alguma novidade cinematográfica relacionado a John Green, o serviço de streaming Hulu anunciou uma série baseada no livro “Quem é você, Alasca?”. A série conta com oito episódios e tem data de estreia no seu catálogo para dia 18 de outubro, porém sem data de lançamento para o Brasil. O elenco é formado por Charlie Plummer (A Rota Selvagem) interpretando Miles Halter e Kristine Froseth (Sierra Burgess é uma Loser) no papel de Alasca Young.
A primeira obra do autor gira em torno de Miles, um adolescente fanático por últimas palavras de pessoas famosas, buscando seu “Grande Talvez”. Ao mudar de colégio, Miles conhece Alasca, uma jovem inteligente e extremamente sensual, que acaba se apaixonando. Os dois partem, então, em busca de respostas para tantos enigmas que os assombram.
Apesar de muitas obras de John Green terem feito sucesso, o autor sempre é reconhecido por ter escrito A Culpa é das Estrelas – mesmo não sendo sua melhor obra. Pois é, infelizmente o mundo não é uma fábrica de realização de desejos.