
Livia Queiroz
Você é do tipo de pessoa que vive juventude de forma leve e que preza pelo maior número de experiências possíveis, de certo modo, inconsequente, ou do tipo que se vê preocupada com o presente e o futuro, parecendo muito madura para sua própria idade? Não se preocupe, ambas situações são normais na vida de um adolescente. É sobre essa fase memorável que Sabrina Carpenter canta em seu debut. Eyes Wide Open te leva em uma jornada pela adolescência em sua essência: erros, acertos, paixões, amizades e inseguranças.
Lançado em Abril de 2015, o álbum de estreia da diva pop do momento é avassalador para qualquer jovem que passou por pelo menos uma das situações musicalizadas. Iniciando com um single que intitula a obra, Eyes Wide Open é uma narrativa sobre o autoconhecimento, navegando sobre o crescimento dentro da juventude, o que isso significa dentro de sua realidade e o questionamento sobre como se manter firme para seguir em frente, enfrentando os desafios da vida, mesmo sabendo que tudo é passageiro. Apesar da maturidade, sua construção musical não transparece esse conceito, apresentando uma instrumentalidade semelhante às conhecidas por aparecerem em filmes e seriados da Disney (canal em que ela fazia suas participações como atriz), com palmas coletivas e sonoras de carrilhão. Nesse sentido, interpreta-se uma dualidade de sentidos; mesmo que amadurecida, a cantora segue tendo 16 anos com sua ingenuidade natural.

Em conexão com essa face inocente e feminina, Sabrina Carpenter apresenta Can’t Blame A Girl For Trying – a canção perfeita para uma estrela da Disney Channel –, que contrapõe a independência do primeiro single, com a ânsia por amores adolescentes e uma narrativa sobre erros em relacionamentos pela impulsividade e paixões momentâneas. Diferentemente da primeira música do álbum, esta se limita a poucos instrumentos, com um ukulele e um violão em harmonia, para criar uma atmosfera jovial e divertida e mostrar uma versão mais ‘brincalhona’ da cantora. Tal música combinou muito mais com seu estilo vocal do que Two Young Hearts e Eyes Wide Open, que são desafios vocálicos para uma jovem – ainda em fase de crescimento – devido à oscilação rápidas no tom de voz e a compatibilidade das notas com o timbre contralto.
Em contraste, o combo perfeito para a ‘Short n’ Sweet princess’ foram White Flag e Seamless. Respectivamente escritas por Jason Ingram e Chelsea Lena (junto de Sabrina), as canções abordam temas diferentes mas com ritmos semelhantes. Em uma musicalidade dançante e o retorno do carrilhão, White Flag trata – assim como a primeira música do álbum – sobre resiliência, solidão, a batalha perante os obstáculos no caminho dos objetivos e a aceitação dos erros. Apesar da presença de temáticas amorosas e reflexões interiores, algumas faixas trazem a leveza da amizade verdadeira, assim como Seamless, exaltando a conexão profunda entre duas pessoas, possibilitando uma compreensão íntima uma com a outra mesmo sem verbalizar.

Outrossim, muitos compositores formaram a equipe de produção do disco, incluindo algumas figuras famosas como Matthew Tishler – compositor de várias canções da Disney – e a cantora e compositora Meghan Trainor. A estrela de Hollywood escreveu tanto o single Can’t Blame A Girl For Trying quanto Darling I’m Mess, da qual participou como backing vocal. Dentro desse fator, é possível observar a mudança participativa de Sabrina Carpenter dentro de suas obras, pois em uma comparação deste álbum com seus trabalhos mais recentes como emails i can’t send (2022) e Short n’ Sweet (2024), por exemplo, ela participa de todas as composições.
Portanto, Eyes Wide Open é um álbum de estreia da cantora norte-americana feito para adolescentes que discute, em sua essência, assuntos profundos mas tratando-os com leveza. Entretanto, apesar de, na época, ser conhecida por suas atuações na emissora infantil, sua carreira como cantora só foi, de fato, revelada com o lançamento do single Thumbs (2017). Nesse sentido, mesmo sem ter sido reconhecida em seus primeiros anos de carreira musical, ela insistiu na área e, uma coisa é certa, you can’t blame a girl for trying, afinal, 10 anos depois, Sabrina Carpenter virou uma das maiores divas pop da atual geração.