Meu amor, isso é Batidão Tropical Vol. 2!

Capa do álbum "Batidão Tropical Vol. 2". Na imagem vemos Pabllo Vittar, drag queen de cabelos pretos, com uma feição de prazer no rosto. A artista veste uma calcinha preta. Na parte superior encontra-se escrito o nome do projeto “Batidão Tropical Vol.2”, escrito nas cores vermelho, amarelo e laranja. Na parte inferior direita está escrito “Pabllo Vittar” em vermelho. Ao fundo, o ambiente se assemelha com uma praia, em tons quentes.
Batidão Tropical Vol. 2 obteve 4,7 milhões de streams nas primeiras 24 horas de lançamento (Foto: Gabriel Renne)

Vitória Borges

O Batidão Tropical Vol. 2 está entre nós e a drag queen mais amada do Brasil mais uma vez não nos decepciona. Trazendo suas raízes do forró do Nordeste e Norte do país, Pabllo Vittar faz a releitura de alguns clássicos que marcaram sua vida, além de cantar músicas inéditas. O projeto da artista dá continuidade ao Volume 1 do álbum homônimo, que também conta com regravações de hits,  como Zap Zum da Companhia Calypso.

Indo do pop ao funk com os aclamados Não Para Não (2018), After (2023) e, agora, o forró do Batidão Tropical, Vittar mostra, novamente, sua versatilidade artística, entregando um disco coeso e dançante. É facilmente possível atestar esse destaque da artista em cada faixa da obra, mostrando sua capacidade de interpretar e se conectar com diferentes ritmos, reinventando-se a cada trabalho.

Com batidas quentes e envolventes, a produção conta com 14 canções – três delas, posteriormente reveladas. Nas faixas ocultas, a  cantora faz uma quebra da quarta parede sonora ao falar diretamente com o ouvinte e indagar que logo elas seriam desbloqueadas. Já nas redes sociais, os fãs de Pabllo Vittar especularam que as músicas que ainda não haviam sido lançadas seriam novas regravações ou contariam com colaborações inéditas.

Na imagem vemos Pabllo Vittar, drag queen de pele bronzeada e de cabelos pretos, com a mão esquerda em seu pescoço. Vittar usa um top rosa chiclete no formato de uma flor, saia na cor azul e brincos e pulseiras na cor prata. Ela encontra-se sentada e olhando para o canto inferior direito da imagem. A expressão em seu rosto é atraente. O fundo da foto está na cor branco rosado.
Pabllo Vittar detém o recorde de melhor estreia de um disco por uma drag queen no Spotify (Foto: Gabriel Renne)

Reverenciando grandes nomes do forró e do tecnobrega, a obra possui participações de cantores do Norte e Nordeste do Brasil como Gaby Amarantos, Taty Girl, Will Love e Maderito. “Dessa vez, nosso objetivo principal era dar um passo à frente do que fizemos no Volume 1. Por isso, incluímos mais músicas do que no primeiro e também temos diversas colaborações no disco”, conta Rodrigo Gorky, produtor de Vittar.

Dentre as músicas escolhidas para serem relidas pelos produtores musicais de Pabllo Vittar, Pede Pra Eu Ficar é o carro-chefe da nova era da artista, sendo uma regravação da canção Listen To Your Heart, da banda sueca Roxette. Ai Ai Ai Mega Príncipe – um grande sucesso nortista da banda paraense Batidão – também foi refeito na voz de Vittar e se tornou segundo single do álbum. Ambas as composições possuem a presença marcante da estética musical da drag queen.

Ao dar play no álbum, já nos deparamos com o estilo único que Vittar tem de ‘dar sua cara’, aderindo seus icônicos vocais ao ritmo do forró e completando com seu clássico toque de cultura pop, como nas canções Me Usa e Nas Ondas do Rádio. Nelas, Pabllo Vittar diz: “Se estiver ouvindo essa minha canção/Pense em mim, eu fiz pra você”, fazendo com que seus fãs se sintam mais próximos dela, como se estivesse cantando a música especialmente para eles.

Na foto vemos Pabllo Vittar, drag queen de cabelos castanhos claros, fazendo pose sedutora para a câmera. A artista veste um body preto com faixas laterais na cor branca, ela também usa uma bolsa baguette na cor ferrugem, além de óculos, anéis e brincos dourados. Em suas mãos, Pabllo segura um ventilador cilíndrico preto. Seus cabelos encontram-se esvoaçantes por conta do vento. Ao fundo da imagem, é possível ver faixas nos tons de roxo, azul e laranja, mesclando entre si.
A artista revelou que a obra é uma expressão de sua infância (Foto: Gabriel Renne)

Ornando muito bem com a ‘pegada’ das faixas relidas, Idiota é a única canção de composição autoral presente no Batidão Tropical Vol. 2. O arranjo contagiante e cheio de detalhes excelentes de produção dão a cara à tapa, a deixando melodiosamente harmônica com os outros sons do álbum. Além disso, a música é considerada uma das favoritas entre o público.

A escolha seletiva de Vittar para criar a tracklist de regravações do álbum foi genial. As canções relidas pela artista contam com vocais impecáveis e assertivos, essenciais para dar o seu toque especial. As composições conversam com o ouvinte não só pela letra, mas também pela forma de cantar, que nos foi entregue algo incrível sem perder a sua originalidade. A faixa São Amores comprova esse ponto, sendo a mais carismática do disco com seu icônico “PEW PEW” dentre as frases do refrão que fixam, do início ao fim, a música na cabeça de qualquer um – o que só ajudou na visibilidade na plataforma TikTok.

Com faixas viciantes e insaciáveis, a cantora combina muito bem o tecnobrega com o hyperpop, e seus vocais abusam de efeitos e aparelhos eletrizantes de instrumentação eletrônica, criando uma vibe muito próxima a After, seu trabalho anterior. Em Não Vou Te Deixar (I Don’t Want to Get Hurt), colaboração com Gaby Amarantos, as artistas souberam justamente sintonizar as batidas do techno com os sons do teclado. A faixa, inclusive, integra o disco TecnoShow (2022), o álbum mais recente de Amarantos.

Infelizmente, a obra carece muito de canções inéditas, trazendo somente Idiota como de autoria própria. Num geral, as faixas do Batidão Tropical Vol. 2 parecem bem fundamentadas e injetam uma gama muito diversa de releituras pop. A coletânea presente no álbum mostra que ainda existe muito potencial a ser explorado e frutos a serem colhidos. 

O disco em si, deságua sobre amores e paixões em suas mais diversas densidades. Os vocais da drag queen, ornados com as canções melosas de término de relacionamento, brilham por cima de sintetizadores que refletem as sonoridades regionais do Norte e Nordeste do país. Mais uma vez, a união entre Pabllo Vittar e a Brabo Music trouxe canções absurdamente divertidas e de som arrebatador.

Na foto vemos Pabllo Vittar, drag queen de cabelos loiros, sentada de lado e apoiando sua mão direita no chão. A cantora veste uma espécie de biquíni rosa claro em formato de flor, em seus pés, usa um tamanco transparente. Seu braço esquerdo está levantado na altura de sua boca e sua mão chega a encostar em sua bochecha. Ao fundo da imagem é possível ver tons de rosa e amarelo emanando da artista.
Joelma e a Companhia Calypso foram uma das maiores inspirações para a produção dos projetos intitulados como Batidão Tropical (Foto: Gabriel Renne)

E não para por aí: os visuais do projeto também são muito bem coesos e significativos. A cantora soube usar e abusar de elementos como reggaeton e o hyperpop, alinhados às vertentes do forró eletrônico e tecnobrega. Vittar soube captar impecavelmente o sentimento dos projetos que foram relidos e o furacão envolvente causado pelos sons dos aparelhos, provocando um misto de emoções no ouvinte.

Pabllo Vittar é tão esperta que, dias depois do lançamento do álbum novo, já fez sua primeira apresentação ao vivo com o trabalho inédito. Como headliner do festival Hopi Pride, que celebra o orgulho LGBTQIAP+, a artista cantou seus maiores hits, além do Batidão Tropical Vol. 2. Após uma performance estrondosa, a drag queen viu que o disco foi muito bem aceito entre seus fãs e que todos já estavam com as letras na ponta da língua. Ela inclusive agradeceu aos admiradores pela repercussão do projeto dentro das plataformas de streaming.

Apesar das poucas músicas autorais no projeto, ouvir o sucessor do estrondoso Batidão Tropical é, de longe, muito prazeroso. Ver a intérprete de Triste com T nos apresentar o ‘seu lado’ do Brasil só mostra a força e a paixão da música popular no Norte e Nordeste do país. “As músicas e letras que aqui serão mostradas podem soar inédito para muitos, enquanto que para outros vai transmitir uma nostalgia de um tempo bom”, disse a artista em uma publicação no Instagram.

Por fim, Batidão Tropical Vol.2 é considerado um dos melhores álbuns de Pabllo Vittar. Sua versatilidade e habilidade de referenciar alguns dos nomes mais importantes da Música nortista e nordestina do país, dão significado muito importante em sua composição. Com a sua mistura única de melodias e mensagens instigantes, o disco não apenas diverte, mas também desafia as convenções do tecnobrega e, até mesmo, do pop chiclete cantado pela drag queen. É uma obra que alia alegria e carisma, reforçando a excelente qualidade artística de Vittar e reafirmando o fato dela ser referência no que faz.

 

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