Orange Is The New Black entrega sexta temporada lenta, mas com ótimas adições ao enredo

As detentas de Litchfield são levadas para a prisão de segurança máxima (Reprodução)

Guilherme Luis

Depois de 13 meses de espera, foi finalmente lançada a sexta temporada de Orange Is The New Black, uma das primeiras produções originais da Netflix. A série chegou com a pretensão de demonstrar como é realmente o sistema carcerário americano, principalmente, como é uma prisão feminina – dando espaço para momentos engraçados, mas recheados de crítica. A temporada chegou sem revelar muito do seu plot principal (e com pouca divulgação, se comparada aos anos anteriores) o que causou certo temor sobre quão investidos os produtores ainda estariam na história. Será que Orange é ainda a mesma excelente série que sempre fora?

Os acontecimentos dessa temporada se iniciam quase que imediatamente após o final da quinta, com as detentas de Litchfield sendo transportadas para Litchfield Max, a prisão de segurança máxima. Começa aqui a grande e principal diferença desta para as  temporadas anteriores: o cenário mudou, e com ele vieram muitas novas personagens. É claro que poucas serão realmente relevantes para a trama – boa parte da nova população carcerária é só figurante –, mas são adições interessantíssimas e que carregam a trama que se desenrola.  

Na segurança máxima as presas são divididas aleatoriamente em 3 blocos, o que gera relações improváveis e outras já esperadas. Grande parte da primeira metade da temporada se concentra em descobrir quem ficará com quem e que conflitos essas relações vão gerar; outro plot é o destino final do guarda Piscatella (Brad William Henke), que morreu nos últimos minutos do último episódio da quinta temporada, e tem-se procurado um culpado pela morte –  não é difícil de se imaginar em quem a culpa vai cair. Logo, os 6 primeiros episódios são quase que uma introdução ao novo mundo: novos cenários, nova organização, novas personagens e novos conflitos e, por esse motivo, a série tem um ritmo bem devagar no começo – quase que desinteressante. Os capítulos são longos demais e a sensação de que nada está acontecendo começa a pesar.

Porém, nem tudo é novidade no sexto ano. Orange ainda é Orange em sua essência; portanto, espere flashbacks em episódios pontuais (é a temporada com menos disso até agora), drama e comédia super bem dosados e, é claro, assuntos extremamente difíceis retratados de maneira nua e crua. Vai tocar nas questões de sempre, como o abuso extremamente irracional da autoridade dos guardas (uma das guardas tem um plot próprio interessante, aliás, em consequência do que lhe aconteceu no ano anterior durante a rebelião), o tráfico de drogas dentro das prisões e a maneira como não recebem atenção devida nem o orçamento que para elas deveria ser destinado. A série acerta em cheio também quando toca em assuntos atuais como a dificuldade de inserção de uma ex-presa na sociedade (com um plot super bem protagonizado pela personagem Aleida, interpretada por Elizabeth Rodriguez) e, especialmente, o movimento Black Lives Matter (numa extensão de acontecimentos do final da quarta temporada que geraram consequências nos dois últimos anos).

As vilãs Carol e Barb são responsáveis por movimentar a segunda metade da temporada (Reprodução)

O ponto alto da trama se desenrola realmente na segunda metade dessa fase, quando o foco se torna a guerra iminente entre os blocos Azul e Bege, comandados pelas duas das melhores adições de toda a série: Carol (Henny Russell) e Barb (Mackienzie Phillips), duas irmãs que se odeiam profundamente e rivalizam desde que entraram na prisão. O episódio que conta o porquê de cada uma ter sido presa, aliás, é excelente e interessa tanto que é uma pena quando acaba. As atrizes (tanto as mais jovens quanto as atuais) entregam vilãs extremamente bem construídas e que protagonizam os melhores momentos da season.

As outras atrizes estão bem como sempre, e algumas ganham destaque merecido (enquanto outras desaparecem, como Maritza). Suzanne começa a temporada com uma cena excepcional, mas seu plot perde o brilho com o decorrer dos episódios; Red, Nicky, Flaca, Frieda, Morello, Alex, Piper, Gloria e Blanca têm bons arcos mas não são os grandes destaques; Pennsatucky surpreende no início, mas também é esquecida no decorrer; Daya tem um desenvolvimento interessantíssimo e é um dos pontos altos da trama; Cindy e Taystee protagonizam um dos momentos mais sérios e importantes do novo ano.

Taystee protagoniza um plot envolvendo o “Black Lives Matter” (Foto: Reprodução)

Orange Is The New Black termina com um último episódio bom, mas um gancho menor que os das temporadas recentes. Os acontecimentos finais levam a crer que, sim, a próxima deve ser a última. Orange teve muito a acrescentar, mas a temporada termina com uma leve sensação de cansaço – o que significa que ela já cumpriu seu papel e, caso queira continuar sendo uma das melhores produções dos últimos tempos, não deve se estender além do necessário.  

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