5 anos depois, O Homem de Giz ainda desenha homens palito na história do mistério literário

 Ilustração de O Homem de Giz. No centro de um fundo preto que imita um quadro negro é possível ver um homem palito desenhado em giz branco enforcado.
A obra aniversariante dá ao leitor um caso de assassinato difícil de desvendar (Foto: Intrínseca)

Gabrielli Natividade

Em 1986, cinco crianças encontram um corpo mutilado na floresta cercado por homens palito desenhados com giz, um crime que mudaria o rumo da cidade de Anderbury. Essa é a premissa de O Homem de Giz, livro de C. J. Tudor lançado há cinco anos, em 2018, que se tornou um título muito popular entre os amantes de mistério. A narrativa cheia de reviravoltas faz com que o leitor mergulhe com interesse nas páginas para desvendar o caso de assassinato. Como um bom exemplo do gênero, ninguém está a salvo – todos os personagens têm seus motivos para se tornarem suspeitos desse crime hediondo. 

The Chalk Man foi o primeiro livro publicado por Tudor. A britânica é, desde sempre, admiradora do sombrio e do mistério e, sendo fã de escritores como Stephen King e James Herbert, não foi realmente uma surpresa quando começou a lançar suas próprias histórias nesse estilo. O suspense que flerta com o sobrenatural de seus livros é uma referência direta de suas inspirações. Seus outros títulos, como O que aconteceu com Annie (2019), Garotas em chamas (2021) e As outras pessoas (2020) seguem essa mesma linha de crime, assassinato e desaparecimento. 

Apesar da obra ter estreado há cinco anos, é uma história atemporal que tem potencial para se tornar um clássico. O mistério é um gênero que nunca sai de moda e crianças que resolvem casos que parecem sem solução é um estilo com histórico de agradar o público. Conta Comigo (1986), It – A Coisa (2017) e Stranger Things (2016) são exemplos de que, independente do ano de lançamento, narrativas desse tipo ainda têm seu valor e influenciam novos projetos a todo tempo. Da mesma forma que Tudor se inspirou em outros artistas, seu trabalho pode se tornar exemplo para outras pessoas no futuro. 

C. J. Tudor. A mulher branca, de olhos castanhos, blusa preta de mangas compridas e cabelo bem curto platinado sorri para a foto no centro da imagem. Em suas mãos está um exemplar de O Homem de Giz, capa preta com o homem palito enforcado desenhado em giz branco e o título na mesma textura. Ela usa um colar, algumas pulseiras e anéis simples, está sentada em uma cadeira de madeira escura. Atrás de si há uma parede branca e um móvel também de madeira escura com vários livros em cima.
Vale a pena conferir os outros trabalhos da escritora de mão cheia que entregou essa obra envolvente (Foto: Filipe Amorim)

Um fator que torna O Homem de Giz tão interessante é a narração em primeira pessoa em que Eddie conta toda a história sobre os acontecimentos. O que torna esse recurso atrativo é que o leitor deve escolher confiar ou não nos fatos relatados, considerando que podem estar distorcidos pela visão limitada. A obra tem apenas um ponto de vista, portanto não se sabe se tudo que é dito é verdade ou apenas suposições. Um narrador em primeira pessoa sempre pode mentir para favorecer a si mesmo, sendo uma aventura ler o que ele tem a dizer. Outros grandes clássicos usam essa ferramenta, como Jantar Secreto (2016) e Verity (2018). 

Outra característica importante do livro é a história dividida em duas linhas temporais intercaladas, uma se passando em 1986 e outra em 2016. Torna-se difícil se desprender da narrativa quando os capítulos não apresentam respostas lineares, ou seja, é uma estratégia que realmente atiça o interesse do leitor e o faz querer mergulhar cada vez mais. A dupla linha temporal também mostra claramente como o assassinato e os homens de giz tiveram impacto na vida dos personagens, que foram de crianças com sonhos e uma amizade forte para adultos traumatizados e com problemas. As pessoas mudam com o passar do tempo e isso fica claro na obra. 

Em cinco anos, O Homem de Giz não perdeu o seu charme e, até hoje, continua a conquistar fãs para si e para o gênero de mistério. Suas 334 páginas são bem desenvolvidas e, mesmo que o final seja um divisor de águas entre os que amam e os que odeiam, a obra vale a pena pela narrativa sombria e intrigante, além dos personagens que carregam suas complexidades cativantes. A história é capaz, ao longo de todos os capítulos, de fazer com que o leitor fique faminto por respostas e novas informações, e com medo de um inocente pedacinho de giz branco. 

Deixe uma resposta