Ana Laura Ferreira
Os Easter Eggs são um símbolo da cultura pop há muito tempo, estando presentes em diversos filmes como Toy Story e Indiana Jones. Mas o que acontece quando eles se tornam o protagonista do longa? Tivemos a resposta no dia 29 de março, com a estreia de Jogador Nº1 (Ready Player One), o filme de Steven Spilberg mais nerd/geek de sua carreira.
O longa conta a história de Wade Watts (Tye Sheridan), um órfão de 18 anos que, assim como a maioria das pessoas que vivem em 2044, passa quase todo o tempo dentro do jogo de realidade virtual OASIS, por meio de seu avatar Parzival.
Esse nome é uma referência direta à mitologia medieval. Parcival era um dos cavaleiros da Távola Redonda, os quais eram responsáveis por buscar o Santo Graal. O objeto, que na maioria das lendas é um cálice, seria o único capaz de trazer de volta a paz ao reino do Rei Artur (Sim, o mesmo Artur que consegue tirar a espada da pedra).
A jornada de Watts assemelha-se muito à de seu homônimo. O enredo, simples, porém eficaz, gira em torno do criador do game James Holliday (Mark Rylance), que ao morrer deixa para trás um grande Easter Egg escondido em uma das várias dimensões do jogo. Assim como o cálice, o egg poderiam trazer de volta a paz ao OASIS, que agora havia sido tomado por caçadores interessados nele.
O filme também conta com um romance forçado e não muito bem resolvido entre Parzival e Art3mis (Olivia Cooke). Porém, isso não prejudica a fluência da história, que consegue abordar temas delicados com naturalidade.
Um desses é o anonimato. A narrativa nos leva a refletir se realmente conhecemos quem esta do outro lado da tela; para exemplificar essa situação, Aech (Lena Waithe) é inserido como um alienígena grande e musculoso. Porém, com o desenrolar da trama descobrimos que na verdade (ALERTA DE SPOILER) Aech é uma mulher.
Falando assim, parece sem importância a mudança de sexo que ocorre. Mas ela simboliza não só o machismo, implantado tão profundamente na sociedade que é capaz de influenciar até as escolhas feitas por nós no mundo virtual, como também o preconceito de que por ser mulher a personagem de Lena Waithe não poderia ser uma boa jogadora, sendo obrigada a se disfarçar para conseguir respeito.
A representatividade feminina deveria ficar por conta de Samantha Cook, também conhecida como Art3mis, que teoricamente simbolizaria uma mulher forte e destemida. Infelizmente, seu papel na narrativa toma outro caminho, fazendo dela nada mais do que um par romântico.
O ponto alto do filme são as referências, e nisso ele acerta em cheio, sendo capaz de levar qualquer um à loucura com tantas alusões que vão de King Kong a Hello Kitty. Entretanto, ele privilegia as analogias aos anos 1980, que aparecem em peso durante seus 140 minutos.
Jogador Nº1 é um longa repleto de ação e aventura, que traz de volta o melhor do cinema pop de Spilberg. E apesar de o diretor ter evitado fazer menções a seus próprios filmes, é impossível assisti-lo sem se lembrar de clássicos como E.T. e Jurassic Park.
Apesar das pequenas falhas, ele já se tornou um marco no cinema. Contendo ação, aventura, e até mesmo um toque de terror – que fica por conta da referência ao filme O Iluminado, de Stanley Kubrik – ele agrada a todos os gostos, deixando o espectador com um “gostinho de quero mais”.
Gostei muito da abordagem sobre o filme. Parabéns
Eu adoro os filmes de ficção do Spielberg. Eu gostei bastante tanto do filme quanto do livro, é bem distópico. Adoro ler livros, cada um é diferente na narrativa e nos personagens, é bom que cada vez mais diretores e atores que fazem filmes de aventura . Adorei Jogador n1, porque tem toda a essência do livro mais uma produção audiovisual incrível. Este livro conta uma história extraordinária. Outro fator que fez deste um grande filme foi a direção do Spielberg, seu talento é impressionante.