Thainá Zanfolin
Game of Thrones, série de TV da HBO baseada nos livros de George R. R. Martin, foi lançada em 2011. Com uma primeira temporada que apresenta todo o universo da história e seus personagens, a série conquistou tanto os leitores dos livros quanto os apaixonados por seriados de TV. Hoje, a produção já é considerada uma das melhores feitas em anos pela HBO, além de ser incluída na lista de melhores produções de todos os tempos por alguns críticos. A segunda temporada, lançada em 1º de abril de 2012, teve tanto sucesso quanto a primeira e seus episódios foram transmitidos simultaneamente em todos os canais HBO do mundo. Essa parte da história dos reinos de Westeros é baseada no livro “A fúria dos reis”, o segundo da série “Crônicas de Gelo e Fogo”.
A narrativa da segunda temporada se inicia logo após o acontecimento final da primeira. Assim, é possível entender quais foram as consequências dos acontecimentos anteriores para a história e seus personagens. Novos e importantes personagens entram para a história, como Stannis (Stephen Dillane) e Renly (Gethin Anthony) Baratheon.
O primeiro episódio não explica, de forma direta, quem são os novos personagens e quais são seus objetivos, mas isso não atrapalha, necessariamente, o andar da narrativa, uma vez que é possível entender o que está acontecendo com o passar do tempo, o que gera, inclusive, uma certa ansiedade para aqueles que não acompanham os livros, um ponto positivo para conquistar ainda mais fãs. Estes novos personagens, inclusive, colaboram com o desenvolvimento do universo onde a história se passa, já que novos territórios, povos, religiões, entre outros elementos, são adicionados e construídos a partir deles.
Mais uma vez, nenhum personagem é, oficialmente, o protagonista da narrativa. Assim, esta segunda temporada continua seguindo a ideia dos livros de uma história ser contada de diferentes pontos de vista e com inúmeros acontecimentos em cada canto do reino.
Apesar de não haver um protagonista, o personagem de Peter Dinklage, Tyrion Lannister, se destaca dos outros em diversos momentos pelos seus jogos de poder e pensamento estratégico frente ao reino que sofre tanto com problemas políticos quanto sociais. Assim, Tyrion se torna a personificação da ideia central da segunda temporada: uma guerra é feita com armas, mas também com poder e inteligência.
É possível considerar que esta segunda temporada foi responsável por desenvolver as histórias paralelas tão bem quanto a principal. Do mesmo jeito aconteceu com as personagens que na temporada anterior eram “secundárias” e que, desta vez, ganharam uma profundidade maior, demonstrando a importância de todas as personagens para a narrativa. Nesta temporada conseguimos, também, entender e enxergar melhor as famílias e o poder de cada uma dentro do reino.
A Patrulha da Noite ganha destaque ao tentar proteger o reino de ameaças externas e Jon Snow (Kit Harington) ganha maior profundidade ao ter que lidar com seu passado, seu futuro incerto e suas responsabilidades dentro da organização. Ao mesmo tempo, a história de Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) se desenvolve, assim como sua personalidade e de seu grupo. Se anteriormente havia inseguranças frente às decisões que deveria tomar, com seus dragões ela aprende a usar seu poder a seu favor. As duas histórias, agora, são exibidas e trabalhadas tanto ou, em alguns momentos, até mais do que o reino ou Porto Real.
Enquanto isso, a história de Westeros é contada a partir dos acontecimentos com diversos personagens, cada um em um canto do reino e com um objetivo diferente. A partir de Robb Stark (Richard Madden), agora como Rei do Norte, o campo de batalha e as estratégias de guerra contra os Lannister são mostradas. Do outro lado, Arya Stark (Maisie Williams) acompanha de perto Tywin Lannister (Charles Dance) e, a partir dos acontecimentos com ela, vemos o outro lado da guerra. Porto Real, é importante dizer, é contada com o “ponto de vista” de vários personagens, como Sansa Stark (Sophie Turner) e Tyrion, cada um com ideias diferentes sobre os acontecimentos.
O ritmo da temporada segue o da história escrita. Até a metade temos episódios mais monótonos que constroem a narrativa para o clímax, o nono episódio, chamado Blackwater, quando todos os jogos de poder e estratégias de guerra resultam em um conflito que determina o futuro da narrativa.
O episódio final da temporada fecha a história que acabou de ser contada ao mesmo tempo em que abre espaço para uma continuação. Após ver os resultados de uma guerra pelo poder, novos inimigos podem surgir, além de outros personagens que podem ganhar destaque pelos seus feitos nas temporadas seguintes.
Ao comparar o livro com a série de TV, é visível que nessa temporada a adaptação não foi tão fiel ao livro, mas, exatamente por isso, a série se tornou mais intrigante e interessante, já que nem mesmo aqueles que já conheciam a narrativa conseguiam saber com toda certeza o que aconteceria, em que momento ou como cada ato tomaria forma e se a série seguiria a história original.
A saga criada por George R. R. Martin teve continuação e já chegou a sua sexta temporada, que estreia no próximo domingo, dia 24 de abril.