Após ter sido resgatada pela NBC, a série conseguiu sua sexta temporada mas com um retorno nem tão triunfal quanto o esperado.
Vitória Silva
Em maio do ano passado, o anúncio do cancelamento de Brooklyn Nine-Nine pela Fox gerou grande comoção nas redes sociais, em especial no Twitter. Membros do elenco, produtores e diversas celebridades se posicionaram com grande pesar diante da decisão da emissora, que se justificou afirmando a falta de espaço na grade de programação. Porém, a tristeza não durou muito: o engajamento da vasta fã base da sitcom resultou no resgate da mesma pela NBC.
Após grande comemoração, se deu o início das gravações e novas expectativas começaram a ser criadas diante da mudança. Nenhuma diferença crucial foi notada em função da troca de emissoras, mas ainda há muito a se dizer sobre o futuro da série.
A sexta temporada de Brooklyn 99 começa dando continuidade ao suspense dos últimos segundos do episódio final da quinta: a possível promoção do capitão Holt (Andre Braugher). E faz isso ambientada na Lua de Mel do casal Amy Santiago (Melissa Fumero) e Jake Peralta (Andy Samberg), criando uma dinâmica divertida entre os três, que já nos compensa de todo o tempo esperado.
E essa sensação de recompensa segue durante os primeiros episódios da temporada. Entre eles há a tão merecida homenagem à Hitchcock (Dirk Blocker) e Scully (Joel McKinnon Miller), mostrando o início de ambos na delegacia; o encontro de ex-alunos do colégio de Jake e Gina e mais um capítulo da saga envolvendo o bandido do Pontiac, Doug Judy (Craig Robinson).
No entanto, todo esse entusiasmo não se sustenta ao longo da temporada, e os motivos para isso são vários. A começar pela saída inesperada (e ainda não compreendida) de Chelsea Peretti, que interpreta Gina Linetti, um dos principais ícones cômicos da série desde sua primeira aparição. O acontecimento acaba sendo justificado como a decisão da personagem em dar um rumo diferente a sua vida, tendo que deixar seu emprego como secretária na delegacia para isso. Ela ainda ganha um episódio especial de despedida que acaba sendo um dos mais engraçados da temporada inteira.
A ausência de Gina é muito notada. Sua falta causa um vácuo em se ter alguém para dar as principais tiradas em momentos específicos, que acabam rondando o sarcasmo de Peralta, além da necessidade de ter mais um personagem para incorporar os conflitos diários do squad.
Como todas as outras, a sexta temporada da produção de Dan Goor e Michael Schur é quase que inteiramente ambientada na delegacia, voltada para assuntos do trabalho dos detetives. Mas, em contraste com os anos anteriores, os acontecimentos do cotidiano e vida pessoal das personagens são poucas vezes trazido à tona. Seus relacionamentos amorosos e familiares beiram à superficialidade e comentários pontuais, abordados tão poucas vezes que acabam causando um leve esquecimento sobre sua existência, como o casamento de Jake e Amy, por exemplo.
Em meio a algumas reviravoltas e conflitos pouco trabalhados, que tornam até os clássicos e aguardados episódios, como o “The Heist”, pouco empolgantes, ainda há episódios memoráveis, como o season finale “Suicide Squad”. Além disso, o seriado segue abordando sobre assuntos sérios em meio a comédia, sem causar nenhuma alteração brusca no tom da trama. O principal exemplo disso é o episódio “He Said She Said”, que trata sobre casos de assédio no ambiente de trabalho, e de quebra é dirigido por Stephanie Beatriz, a Rosa.
Apesar de oscilar entre a qualidade dos episódios nessa temporada, Brooklyn Nine-Nine continua deixando sua marca entre as variadas sitcoms por conseguir fazer comédia de qualidade sem ter que se render a clichês e estereótipos ofensivos. Para alívio dos fãs, a série já foi renovada para a sua sétima temporada e nos deixa no aguardo para ver o rumo da 99ª delegacia do Brooklyn.