All Stars 4: grandes estrelas e polêmicas ainda maiores

Da esquerda para a direita: Trinity The Tuck, Monique Heart, Gia Gunn, Jasmine Masters, Naomi Smalls, Latrice Royale, Valentina, Monet X Change, Manila Luzon e Farrah Moan (Divulgação)

Eduarda Motta

Estreando no canal Logo em fevereiro de 2009, o programa RuPaul’s Drag Race surgiu na televisão americana com uma competição entre drag queens, cujo objetivo era mostrar o talento, personalidade, carisma e humor de cada participante que concorria pelo título de próxima superestrela drag dos Estados Unidos. O sucesso e singularidade do show lhe renderam 11 temporadas, além do spin-off All Stars, que chegou à sua quarta edição no ano passado.

Nesta versão, são selecionadas as mais implacáveis participantes das temporadas anteriores (que não conseguiram chegar à coroa) que competem entre si para fazer parte do hall da fama da franquia. Também composto por desfiles e desafios assim como o original, All Stars traz um diferencial: são as próprias queens que decidem a eliminação de quem está entre as piores, o que pode parecer interessante no início, porém não tarda a surgir injustiças que causam discórdia não só entre elas, mas também entre os fãs.

Entretanto, esta não é a única polêmica que ronda o mundo do reality.

No episódio 5, RuPaul, anfitrião do programa, revela que as regras do reality estarão suspensas até segunda ordem. Sendo assim não ocorre eliminação e as participantes voltam para a sala de trabalho, deparando-se com as queens eliminadas nos outros episódios.  Na semana seguinte, é revelado que essas teriam a chance de retornar ao show se vencessem as remanescentes num desafio de dublagem, clássico do programa.

Nesse momento já é suspeito que o reality seja combinado e que e o desafio seja apenas uma jogada para que a produção manipule e escolha as concorrentes e, consequentemente, a vencedora.

A teoria ficou mais forte quando Latrice Royale retornou ao programa depois de empatar com Monique Heart na dublagem, causando um raro (mas nem tanto) empate, mesmo que a apresentação não tenha sido a melhor já vista no programa. A performance de Naomi Smalls e Gia Gunn que, mesmo com passos inéditos, não conseguiu o mesmo reconhecimento dos jurados.

Latrice passou por RuPaul’s Drag Race em 2012, na quarta temporada do programa e em seguida competiu na primeira edição de All Stars, em dupla com a aclamada Manila Luzon. Depois de tantas aparições e sucesso em sua carreira, Latrice reuniu uma legião de fãs por todo o mundo, causando receio nas participantes do programa em eliminá-la.

Latrice Royale e Monique Heart no desafio de dublagem (Divulgação)

Assim sendo, mesmo se destacando menos que as outras, a queen permaneceu no programa mais tempo do que deveria, arrastando-se até o episódio 9 de All Stars 4, em que a oponente Trinity The Tuck a eliminou de vez.

Sendo a vice campeã da terceira temporada da série original e em parceria com Latrice Royale em All Stars 1, Manila Luzon foi a participante que mais teve êxito em All Stars 4, acumulando três desafios ganhos e surpreendendo na passarela. Entretanto, com suas vitórias e a possibilidade de ter que eliminar uma das queens que ficaram entre as piores, Manila cogitou não ser justa em suas decisões mais de uma vez, priorizando sua estratégia de jogo.

Consequentemente, no oitavo episódio da temporada, Manila sentiu na pele o que pensou em fazer com suas concorrentes quando Naomi Smalls, insegura mediante a trajetória da adversária, a eliminou do programa causando espanto não só nas outras participantes, como também em RuPaul.

Manila Luzon no momento de sua eliminação (Reprodução)

Naomi por sua vez brilhou em sua temporada de original, a oitava, chegando a ser uma das três finalistas. Porém sua trajetória em All Stars não foi tão surpreendente. Sendo “salva” na maioria dos episódios, ela passou despercebida até cerca da metade do programa, tanto na passarela e nos desafios quanto nos bastidores, onde a edição do reality não evidenciou a competidora. O ponto alto da participante foi seu lip sync contra Gia Gunn, que a permitiu permanecer no programa até chegar às finais.

Naomi Smalls no momento de sua dublagem contra Gia Gunn (Reprodução)

Polêmica final

No episódio final, Monique Heart, Monét X Change e Trinity The Tuck acompanharam Naomi Smalls no top 4 do programa, onde tiveram de gravar uma versão da música Super Queen, de RuPaul e apresentar diante dos jurados. O desafio em questão já é tradição no programa, porém o que mobilizou os fãs foi a decisão final do anfitrião.

Tradicionalmente, apenas uma competidora vence a temporada, entretanto RuPaul premiou com 100 mil dólares duas das participantes: Monét e Trinity. Mesmo ambas tendo realizado uma boa trajetória no programa, a vitória dupla pareceu forjada, principalmente por conta da edição.

Já é de conhecimento público que todas as finalistas do programa gravam a final com o cetro e a coroa como se tivessem vencido, para evitar que vaze antes da hora quem de fato ganhou, entretanto, dessa vez, puseram tanto a gravação de Trinity quanto a de Monet na edição final. Além disso, a voz de RuPaul mudou ao decorrer da revelação e as duas vencedoras não apareceram juntas no palco, o que sustentou o argumento de quem diz que a vitória dupla foi decidida de última hora por conta das acusações de racismo que o programa vinha recebendo.

Monét X Change e Trinity The Tuck, as vencedoras da temporada (Divulgação)

Não é de hoje que RuPaul’s Drag Race e suas variações causam polêmica quanto a sua veracidade, porém a série ainda conquista o público LGBT ao graças ao seu poder de representatividade, evidenciando a arte drag como algo além da comédia. Como uma expressão artística completa, que inspira e supera preconceitos ao redor do mundo.

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