No ano de 2018, quatro jogos de uma das maiores sagas de jogos já vistas fazem aniversários importantes: os títulos de The Legend of Zelda, criada por Shigeru Miyamoto e lançada pela Nintendo. Completando 25, 20, 15 e 5 anos (!) temos Link’s Awakening, Ocarina of Time, Wind Waker e A Link Between Worlds. Neste texto abordaremos dois desses títulos. Acompanhe a seguir!
Raul Galhego
Quando todos passaram a saber o que é uma ocarina
Lançado em novembro de 1998 no Japão e nas Américas e em dezembro na Europa, Ocarina of Time completa seus 20 anos. Sucesso de críticas e arrebatador de muitos prêmios importantes – incluindo o título de Jogo do Ano no 2º Prêmio anual Interactive Achievement Awards e duas vezes considerado pelo Guinness o jogo mais bem avaliado – é o primeiro da saga em 3D, trazendo novos aspectos de jogabilidade e gráficos não vistos em nenhum outro jogo da época.
O enredo trata da história de um garoto chamado Link – como na maioria dos jogos da saga – que mora em um vilarejo na Floresta Kokiri, um lugar onde as crianças são protegidas por um espírito guardião, a Árvore Deku. Cada uma possui uma fada, exceto o protagonista do jogo, que sofre até certo preconceito do líder do vilarejo e de outras crianças por conta disso. Seus amigos o consolam, dizendo que no momento certo ele receberá sua fada. Eles ficam muito felizes quando isso realmente acontece, quando uma fada aparece para Link e lhe diz que a Grande Árvore Deku o convocou, fato que marca o início da aventura.
A história foi aclamada e muito bem recebida pelos fãs por conta do equilíbrio entre enigmas, combates, ação e exploração, de forma envolvente e criativa. O jogo também foi responsável por trazer diversas inovações à saga, que são usadas em diversos jogos até hoje. Como exemplo podem ser citados o sistema de mira travada no inimigo, por exemplo, que faz com que o jogador esteja sempre voltado para o seu oponente, facilitando o combate, a visualização do cenário e tornando o jogo mais dinâmico; o sistema de mudança de dia e noite, que altera diversos eventos no jogo baseado na hora do dia; e o botão contextual na interface de jogo, um mesmo botão que pode servir para diversas ações, como abrir portas e baús, interagir com personagens ou até mesmo atacar, dependendo do contexto em que está sendo utilizado.
A trilha sonora, composta por Koji Kondo, também é impecável e envolvente, sendo que algumas músicas fazem parte de enigmas do jogo. O protagonista utiliza uma Ocarina, instrumento que dá nome ao jogo, para tocar uma série de músicas que provocam os mais diversos efeitos, como tempestades, mudanças entre noite e dia, abrir acessos e até mesmo teleportar o personagem para outros lugares. Isso trouxe uma popularização da Ocarina e otimizou suas vendas – a demanda permanece alta. É possível também tocar diversas músicas no jogo, em um modo free-to-play, onde cada botão de ação corresponde a uma nota no instrumento. Um jogador experiente pode até mesmo tocar várias músicas populares, como aberturas de desenhos animados e temas de filmes.
Por fim, além de tudo isso, esse jogo foi responsável por quebrar a linha do tempo de Zelda em três vertentes diferentes, baseadas nas possibilidades geradas no jogo e na complexidade de sua história. O game apresenta personagens únicos e suas mudanças com o passar do tempo, sendo que ações realizadas com Link criança podem interferir na sua relação com os personagens quando adulto.
Uma das linhas de continuidade desse título dá origem ao próximo, The Legend of Zelda: The Wind Waker.
You will float, too!
Lançado ao final de 2002 no Japão, o game veio para as Américas apenas no dia 24 de março de 2003, data de lançamento no Canadá e EUA. Com isso, o jogo completa 15 anos no mês que termina agora!
A narrativa se desenrola na sequência dos eventos de Ocarina of Time. Após vários séculos, a lenda do Herói do Tempo continuou sendo passada de geração para geração. Depois de muito tempo, o selo que mantinha preso o vilão da história prévia, Ganondorf, se rompeu, fazendo com que uma nova era de escuridão tomasse as terras de Hyrule. Uma decisão drástica das deusas faz com que o reino seja selado no fundo de um oceano, inundando o mundo. Algumas pessoas conseguiram fugir para o topo das montanhas, onde começaram novas vidas nas ilhas que se formaram.
Centenas de anos após esses acontecimentos, Ganondorf emerge para a superfície, criando uma fortaleza em uma ilha longínqua e raptando garotas para encontrar a descendente da Princesa Zelda. Nesse contexto, a irmã do protagonista do jogo é raptada, e cabe a você resgatá-la, navegando pelos mares para conseguir pistas e combater o vilão.
O jogador, além dos itens clássicos, como arco e flecha, espada, escudo e poções, está munido de um item único e exclusivo para esse jogo, o Wind Waker. O item que dá nome ao jogo é uma batuta, com a qual o protagonista é capaz de reger os ventos e orquestrar canções mágicas que o auxiliam em sua aventura, sendo a principal delas capaz de mudar a direção dos ventos para auxiliar nas navegações e na exploração do heroi.
A trama é muito bem trabalhada, retomando diversos pontos dos jogos anteriores mas sem deixar de ser envolvente, trazendo novas revelações durante o jogo todo. O jogador vai descobrindo o passado e desvendando a história atual junto com o heroi, conforme explora as ilhas em busca de itens e artefatos para auxiliá-lo em seu resgate. Em paralelo a tudo isso, continuam a existir diversas interações com personagens únicos, capazes de entreter o jogador e fazê-lo até mesmo desviar seu foco da trama principal, sendo fisgado de volta por seu barco – que, por falar nisso, possui uma carranca capaz de falar com o heroi e lhe dar dicas, cobrando-o também de seguir sua jornada.
No quesito jogabilidade, o jogo se destaca de seus antecessores, Ocarina of Time e Majora’s Mask, apresentando a mesma essência mas com melhorias que facilitam e trazem praticidade ao jogador, como poder colocar e remover equipamentos sem precisar usar a tela de pause. O aspecto da condução dos ventos, mencionado anteriormente, dá um brilho a essa jogabilidade e aos desafios, contribuindo também para a trilha sonora e enriquecendo a mesma com diversas melodias.
A dinâmica de navegação, porém, é um aspecto que deixa a desejar. Apesar das ilhas serem bem organizadas, em um mapa com um grid 7×7 contendo cada ilha em um quadrado, o jogador precisa gastar muito tempo viajando de uma ilha para outra em mar aberto, indo e voltando várias vezes em várias ilhas para cumprir seus objetivos. Horas de jogo se passam dessa forma, por vezes com alguns desafios em alto mar, mas na maior parte desse tempo o jogador fica apenas com a paisagem aquática por todos os lados, acompanhado apenas pelas gaivotas e por seu barco. Este aspecto foi duramente criticado por fãs, mas isso não impediu o jogo de ser muito bem avaliado pela crítica; ao menos ele consegue retratar bem a sensação de uma longa viagem marítima. Como alívio a esse ponto, após algum tempo, é revelada uma canção que permite ao jogador viajar pelos ventos, teleportando-se para alguns pontos específicos do mapa, o que diminui o tempo de viagem.
Seria possível falar ainda muito mais sobre essa história, mas o que recomendo mesmo agora é que pegue seu barco, um pouco de paciência e parta para desbravar os mares de Wind Waker e desfrutar dessa viagem maravilhosa. É uma experiência que vale a pena!
Muito bom o texto, Raul!