Apesar de bons momentos de nostalgia, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo não empolga

Cena do filme Ghostbusters: Apocalipse de Gelo. Em uma cozinha, Trevor Spengler olha para uma gosma que está caindo do teto até sua mão. Em torno do balcão, estão Nadeem Razmaadi, Lucky Domingo, o menino apelidado de Podcast, Gary Grooberson e Callie Spengler, todos olhando para cima com expressões assustadas.
Além do retorno da nova equipe, filme tem participação especial dos caça-fantasmas originais (Foto: Sony Pictures)

Leonardo Gimenes

Em uma franquia de filmes, enquanto o primeiro tem a missão de estabelecer um universo e seus personagens, o segundo precisa desenvolvê-los a partir de um novo desafio. Nesse sentido, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo (2024) apresenta mais uma ameaça fantasmagórica que precisa ser derrotada pelos caça-fantasmas, que ainda contam com a ajuda de novos rostos.

No entanto, é justamente o acréscimo desses ajudantes para a missão que parece atrapalhar o desenvolvimento da equipe apresentada em Ghostbusters: Mais Além (2021). Isso porque, além de perder tempo com personagens totalmente descartáveis, o roteiro de Gil Kenan e Jason Reitman apresenta problemas desinteressantes para os membros da família Spengler.

É o caso, por exemplo, do atrapalhado Gary Grooberson (Paul Rudd), que deseja se estabelecer como pai, ou então de Trevor Spengler (Finn Wolfhard), cujo único problema que enfrentou foi tentar capturar um fantasma comilão. No fim, praticamente não existe evolução dos membros da equipe em relação ao filme anterior, o que mostra a ineficiência do roteiro em lidar com tantos personagens.

Cena do filme Ghostbusters: Apocalipse de Gelo. Peter Venkman e Winston Zeddemore com suas ferramentas equipadas. O primeiro é um homem negro, com cabelo e bigode preto. O segundo é um homem idoso branco. Ambos estão usando os famosos uniformes dos caça-fantasmas.
Winston e Peter têm uma participação pequena, mas Ray é essencial para a trama (Foto: Sony Pictures)

Quanto à Comédia, marca registrada da franquia, a sequência parece menos inspirada do que o primeiro filme – o que também aconteceu com o drama. Phoebe Spengler (Mckenna Grace) assume novamente o protagonismo, mas com uma história que desperta pouco interesse ao retratar o dilema de uma adolescente que não pode ser uma caça-fantasmas por causa da idade.

Com personagens menos carismáticos que no longa anterior, a continuação acaba sendo sustentada pela nostalgia dos filmes clássicos, seja pelo retorno dos integrantes da equipe de caça-fantasmas original de maneira ainda mais participativa ou pelos famosos objetos usados para capturar os inimigos e a trilha sonora que, dessa vez, ficou sob a responsabilidade de Dario Marianelli. O compositor conseguiu cumprir com a sua função ao retomar as músicas clássicas da franquia, além de equilibrar momentos mais leves e mais tensos. 

Cena do filme Ghostbusters: Apocalipse de Gelo. Peter Venkman, Winston Zeddemore, Ray Stantz e Janine Melnitz, caça-fantasmas originais, usando os famosos uniformes da equipe e correndo em direção à câmera. Ao fundo, aparece a traseira de um carro com o símbolo do grupo.
“Não há nada sobre o que possamos conversar ainda, mas parece que esses caras têm muito mais história para contar”, revelou Gil Kenan à EW sobre o futuro da franquia (Foto: Sony Pictures)

Já os efeitos visuais, feitos por John Van Der Pool e Geoff Baumann, fundamentais para a construção do já consolidado universo de Ghostbusters, são  convincentes e ajudam a desenvolver as poucas cenas com os fantasmas. No entanto, apesar de alguns momentos inspirados, até mesmo a imponente ameaça construída em quase duas horas de filme acaba sendo frustrante por causa de um desfecho morno.

O espírito maligno pode até ser ameaçador e apresentar uma aparência aceitável, mas não se sustenta no ato final. Depois de colocá-lo como um antagonista desafiador até mesmo para tantos personagens, o roteiro, feito por Gil Kenan e Jason Reitman, escolhe a opção mais fácil e decepcionante para a equipe conseguir derrotá-lo e salvar Nova York, uma velha conhecida dos fãs.

Mesmo com momentos nostálgicos, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo é uma sequência apagada de um filme bem mais interessante. É natural que novos longas virão, uma vez que ainda rendem boas bilheterias e mobilizam milhões de fãs. Agora, resta saber até quando uma franquia pode se sustentar entregando apenas saudosismo.

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