Descrito por Nilo Vieira como “uma obra que vai muito além de um experimento metalinguístico sobre a sétima Arte […] Persona (1966) é um grande trabalho sobre o que o silêncio esconde e revela em cada um de nós. Se o longa-metragem é a obra-prima de Bergman, são ‘outros quinhentos’: vale uma outra longa, boa discussão.” É a isso que, desde 2015, o projeto homônimo busca se dedicar: a discussão e estudo de temas relacionados à teoria da Arte e do Jornalismo Cultural, provando que a distância entre Bergman, Lady Gaga e a novela das nove nem existe.
De 2015 à 2024, o campus de Bauru, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), tem sido sede de reuniões semanais acerca da cultura, promovidas pelo Persona com o objetivo de disseminá-la de forma acessível, promover o debate sobre assuntos relacionados à área e operar o site, a partir de 2016, como um laboratório acessível a todos e com um sistema de feedback, para desenvolver a escrita dos colaboradores e revisão dos editores.
Entendendo a cultura como um conceito amplo e diverso, o Persona nasceu como um Grupo de Pesquisa em Estética e Crítica Cultural, destinado à crítica e discussão de obras em qualquer categoria. Mas, em 2022, o projeto passou por uma de suas principais mudanças conceituais e estruturais. Passando de Crítica Cultural à Jornalismo Cultural e, hoje, contamos com um acervo de mais de dois mil textos.
Para melhor abranger as diversas produções do projeto a partir da necessidade de expandir seu alcance com uma maior abertura para textos fora do âmbito crítico, além de lançamentos, obras aniversariantes e entrevistas, os artigos e reportagens foram inseridos como textos mais robustos que relacionam dois ou mais temas culturais com uma maior bagagem de fontes de informação.
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Nossa história
O surgimento do Persona se deu a partir da entrada do Professor Eli Vagner no Departamento de Ciências Humanas (DCHU), da Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design (FAAC), da Unesp, no campus de Bauru, em 2014. Quando ele passou a lecionar a matéria de Filosofia da Comunicação para os cursos de Jornalismo e Relações Públicas.
Essa disciplina previa uma passagem pela Escola de Frankfurt, uma área da Filosofia que tem sua tradição desde o século XX e exerce até hoje a crítica e diagnóstico da cultura, voltada para seus produtos como resenhas de filmes, análises de músicas, entre outros. E, nesse aspecto, a influência da Escola e da Indústria Cultural pautou parte significativa desse primeiro ano em que as turmas tiveram boa adesão e estavam engajadas.
Em paralelo, decorrido um ano da estreia do professor lecionando a disciplina, em 2015, tivemos o início de toda uma era cinematográfica que levava multidões ao cinema com tramas de heróis e ficções científicas. Estreava, na época, o primeiro filme de Guardiões da Galáxia, Vingadores 2, Homem Formiga mas, principalmente – a triunfal volta depois de uma década –, Star Wars: O Despertar da Força. Esse foi o primeiro texto publicado no primeiro site do Grupo de Pesquisa em Estética e Crítica Cultural, ligado ao CNPq e que, em um primeiro momento, se prontificou em publicar críticas de Cinema.
O Grupo de Pesquisa se apresentava como uma aula teórica da FAAC. Entretanto, com mais engajamento pelo apreço à cultura que transforma e alimenta a juventude. Eli Vagner trazia um texto e abriam para discussão. Após a criação do site e publicação de textos, a apresentação teórica inicial passou a ser dos alunos, dinâmica que se mantém até hoje. Sob perspectiva interna e atual, a grande maioria das publicações são da Editoria (os membros fixos do projeto), mas não só deles vive o ‘Persy’!
Desde seu nascimento, todos podem contribuir e publicar textos, que passam pelo núcleo de edição e pela editora-chefe antes de serem postados no site. É um sistema de feedback para melhorar a escrita e também para verificar se o texto segue as diretrizes do projeto, não fere qualquer direito humano e aborda o que deve ser citado em casos polêmicos. Diferente do que muitos pensam, a parte de crítica cultural não é só entretenimento, tão pouco se trata do oposto de hardnews.
A abertura do Persona para o público externo é uma veia que retorna à sociedade o investimento na universidade pública. Nessa perspectiva, nos dias 07, 08 e 09 de Fevereiro de 2017, na sala Adriana Chaves, aconteceu o I Colóquio de Estética e Crítica Cultural da FAAC. Com quatro palestras de professores, apresentação dos textos dos alunos, um minicurso de história da Arte e sua finalização com a exibição do filme Persona, de Igmar Bergman.
Esse foi um evento independente, não teve nenhum financiamento. A nossa história é toda quase que independente, né? Ela foi feita ali, com o nosso amor à Arte, Academia e aos projetos mesmo, e foi um sucesso! – Professor Eli Vagner.
E por que nos chamamos Persona? O projeto tinha que ter um nome, por isso, em uma reunião, foram sugeridos vários e decidimos colocar em votação, princípio democrático que seguimos até hoje. O grupo, na época, tinha por volta de 30 participantes. Com cerca de dez sugestões, o mais votado – e muito bem justificado – foi o título do filme Persona de Igmar Bergman, um clássico europeu de 1966.
Persona também é uma palavra italiana que vem do latim Dramatis Personæ. Que remete a personagens; a personalidade que você assume. E assim o fazemos quando escrevemos uma crítica. Não necessariamente somos críticos profissionais, mas, sim, fazemos parte da construção desse senso crítico da própria universidade como alunos de comunicação.
A partir daí, vieram novas gerações de alunos, principalmente dos cursos de Jornalismo, Relações Públicas e Design. Aqueles que coordenavam o projeto passavam seus bastões e deixavam sua marca a cada ano, até 2018. Então, o professor Vagner esteve em um projeto de pós-doutorado em outro país por mais de um ano e houve a necessidade de criar um novo sistema de gestão para o grupo, considerando as duas tentativas não sucedidas de transformá-lo em um projeto de extensão pela Reitoria. Então, seríamos um projeto independente.
Passado um ano e meio, o professor voltou e o projeto já não era o mesmo. Uma gestão mais modernizada, processos seletivos estruturados, núcleos bem delimitados, e tudo isso veio com a autonomia dada aos alunos para tocá-lo. Institucionalmente continuamos ligados à Unesp e ao CNPq pela mesma configuração que tínhamos inicialmente, com um espaço próprio que chamamos de “Salinha do Persona” com alguns livros, quadrinhos, DVDs, pôsteres e quadros.
Por mais que procurem, não existe um outro projeto, seja de faculdade ou não, com o calibre do Persona. São mais de 2 mil publicações no site. Todas revisadas, que passaram pelo processo detalhado de publicação. São textos sobre os mais diversos assuntos que poderíamos tratar: eventos, artigos, reportagens, críticas de Cinema, Música, Séries, Teatro, Cabines de Imprensa, conteúdos especiais… Somos independentes! Por isso, por nós e pelo Eli Vagner, não poderíamos deixar de abraçar com nosso coração o quão especial isso é.
E, como tudo na vida, também temos nossos altos e baixos. Entre reuniões e reuniões, nosso quórum se diversifica bastante, processos seletivos com muitos candidatos, outros nem tanto, transmitindo a paixão de um a um há quase dez anos. Fazendo história como membros e como projeto. Parcerias com cinemas da cidade, curadoria com o Sesc, cabines em São Paulo (a primeira foi de Bacurau!), festivais de Cinema, reuniões abertas, e tudo que temos direito como um veículo de comunicação de qualidade. A partir de um grupo de pesquisa, nos tornamos um órgão jornalístico. Já em 2022, mudamos o nome do projeto de Crítica Cultural para Jornalismo Cultural, abrangendo novos formatos.
E quanto ao futuro? O que seus alunos quiserem. Entre várias opções, ser um projeto de extensão é uma delas, ou manter-se independente, ampliar nossa atuação a cada ano na comunidade, até financeiramente, as opções de captação cabem à autogestão do Persona, democrática e aberta à sugestões. Por fim, celebramos o impacto em centenas de alunos na construção de repertório, portfólio, experiência acadêmica e cultural, e ao Eli Vagner, que nos gratifica com sua alegria de enxergar a juventude em um projeto que pôde florescer desde que surgiu.
Achei excelente o artigo de Caroline Campos sobre Raul Seixas, que li no jornal Estação. Ela é professora na Unesp? Se possível, enviem-me o email dela.
Obrigado
Antonio Graça
Jornalista
O trabalho que vocês fazem é de extrema importância para cultura nacional, continuem sempre com esse blog tão rico de informações, sempre que posso passo horas lendo as matérias e sempre estou indicando a amigos, esse blog é um tesouro inestimável!!!!
Sou suspeito para falar por ser da Unesp e ter membros da família na Unesp, mas o PERSONA é ÚNICO.
Sério, devia ser elevado a categoria de Jornalismo Cultural da Unesp e ser beneficiado com recursos para manutenção, crescimento e possibilidade de bolsas para alunos. É um trabalho excelente e de alta qualidade e sinto-me honrado em poder ter algo assim em nossa universidade.
Parabéns a todos envolvidos e continuem cada vez melhores…