Heloísa Manduca
Na última quinta-feira, dia 14, foi lançado nos cinemas brasileiros o filme Feito na América, longa dirigido por Doug Liman (“No Limite do Amanhã”, 2014). O destaque imediato do filme é ter o galã Tom Cruise no elenco novamente. Desta vez, ele aparece de uma forma mais descontraída e engraçada, que fazem sua atuação ser longe de ser problemática – ao contrário do enredo proposto pelo filme.
Feito na América é uma adaptação baseada na história real de Barry Seal, porém mais parece uma extensão da série Narcos, que possui uma originalidade e identidade próprias.
O contexto é a década de 1970 e 1980, auge da Guerra Fria no Caribe e a explosão do narcotráfico. Barry Seal (Tom Cruise), um piloto da companhia aérea TWA abandona seu trabalho para poder servir ao mesmo tempo à CIA e ao cartel de Medellín, comandado por Pablo Escobar.
Sua tarefa é basicamente fazer o transporte de cocaína, armas e pacotes ‘misteriosos’ em troca de uma generosa recompensa em dinheiro vivo. Conforme a história se desenrola, mais o cartel cresce e maior fica a demanda pelos serviços de Barry. Consequentemente, a fortuna começa a aumentar e sua vida e a de sua família correm perigo.
Com esse enredo, é fácil traçar os paralelos entre o filme e a série Narcos. O filme traz um olhar diferente do narcotráfico colombiano. Nele, é possível acompanhar mais de perto como eram feitas as distribuições das drogas pela via aérea. Além de Barry, outros três pilotos eram responsáveis por essa missão, vertente esta que não é mostrado na série latino-americana.
Em segundo ponto, é possível perceber uma edição extremamente semelhante. Há um narrador no fundo do filme para poder situar o telespectador tanto na história quanto na passagem do tempo. Trechos verídicos de vídeos são inseridos.
Pronunciamento de presidentes, cenas do cartel e do transporte são alguns exemplos. A trilha sonora é mesclada com músicas latinas que também trazem à tona todo o gingado dos episódios do seriado. Até parece que a equipe de edição foi a mesma para ambos os trabalhos.
Como se não bastasse, ainda é possível comparar a história de Barry com a do personagem Jorge Salcedo, interpretado por Matias Varela. Salcedo viveu como chefe de segurança do cartel de Cali e foi retratado na terceira temporada de Narcos.
Pode parecer loucura, porém tanto Barry quanto Salcedo eram responsáveis por diferentes partes da segurança dos cartéis. Seal pilotava o avião e assegurava que a carga chegasse até os destinatários. Jorge dirigia carros e precisava despistar qualquer ameaça que fosse oferecido para os chefes do Cali.
Ambos tinham família, esposa e filhos, e estavam dispostos a fazerem mudanças de cidades e casas para poderem despistar qualquer risco de morte. Por fim, eles tiveram ligação com a Agência Antidrogas Norte-americana (DEA), combinando planos para poderem agir contra os cartéis. Essas semelhanças fazem Feito na América não ter um gran finale e torna natural que o espectador presuma e acerte o que irá acontecer.
Em geral, os amantes de Narcos podem matar um pouco da saudade assistindo a Feito na América. Apesar de não haver grandes novidades na história, o longa oferece cerca de duas horas de ótima produção. Traz cenas agitadas e não deixa o espectador perder o ritmo ou ficar entediado na poltrona.