Blink 182 – California: A saída de Tom DeLonge e o início de uma nova fase

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Rhaida Bavia

Lançado oficialmente no dia 1 de julho, o mais recente trabalho da banda Blink-182, California, nos convida a uma viagem nostálgica a praticamente todos os  álbuns anteriores do trio punk que, ao longo de mais de 20 anos, conquistou milhares de fãs falando de conspirações alienígenas e decepções amorosas em suas músicas.

Sem produzir álbuns de estúdio desde 2011, a banda surpreendeu os fãs ao liberar em 28 de abril o primeiro single, “Bored to Death”. A música chamou a atenção tanto dos fãs mais antigos, pela semelhança com o estilo de Self-Titled de 2003, álbum que marcou o início de uma nova fase para a banda, tanto de quem já havia se esquecido dos caras e captou na música o mesmo sentimento da conhecida “Adam’s Song”, principalmente com a introdução de contra-baixo clássica e as viradas emocionante de bateria no pré-refrão.

O single ganhou um vídeo sem grandes inovações em seu contexto. Cenas de um dia divertido na vida de um adolescente rebelde e entediado e, principalmente, a banda mostrando toda a jovialidade e energia no palco, pela primeira vez, sem Tom DeLonge ao lado de Mark.

A substituição de Tom por Matt Skiba, da Alkaline Trio se mostra contextualizada e acertada durante todo o decorrer do novo trabalho. A combinação das vozes soa harmônica e o guitarrista tem demonstrado a empolgação que já não se notava mais da parte de Tom durante as apresentações ao vivo. Visto que a animação e o humor nos palcos são marca registrada dos caras, o comportamento de DeLonge já não era construtivo para nenhum dos lados – talvez fosse realmente hora de parar.
A falta de interesse nos projetos do Blink-182 e a vontade de dedicar-se a outras áreas de sua vida fizeram com que, no final de janeiro de 2015, Tom deixasse a banda sem dar muitas explicações. Essa saída causou nos fãs um sentimento de insegurança sobre o futuro do trio, assim como no primeiro hiato (2005) no qual a banda não tinha sequer previsão de retorno. Nesse período, Mark e Travis dedicaram-se ao +44, partindo para um lado mais eletrônico; porém, a banda só gravou um álbum, “When Your Heart Stops Beating” e acabou. Tom, por outro lado, focou em algo diferente com a  Angels & Airwaves, que permanece em atividade e é inspirada por bandas como Radiohead e U2.

As faixas “Rabbit Hole” e “No future”, assim como “Bored to Death” tiveram sua divulgação prévia e contaram com lyric videos, que geraram comentários positivos por parte da maioria  do público. A ansiedade dos fãs que aguardavam por novas músicas há quase quatro anos, desde o lançamento do EP de 5 faixas, Dogs Eating Dogs, cresceu ainda mais.

“California” não deixa a desejar em nenhum aspecto. Dialóga de forma delicada, mas perceptível com todos os álbuns anteriores, com ênfase em Self-Titled (2003) e Enema of the State (1999), conforme já havia afirmado o o baterista Travis Barker durante entrevistas pré-lançamento. A primeira faixa,”Cynical”, apresenta de forma sutil a combinação das vozes de Matt Skiba e Mark Hoppus. Seguida de uma virada arrepiante da inconfundível  bateria de Travis Barker e uma pegada mais rápida que, assim como “No Future”,  lembra muito “Anthem Part Two” do Take Off Your Pants and Jacket (2001). Foi evidentemente uma ótima escolha para a abertura do álbum.

“Kings Of The Weekend” e “She’s Out of Her Mind”, por outro lado, já lembram bem mais faixas como “After Midnight”. A introdução com solo limpo de bateria e um aspecto mais moderno e pop punk torna impossível não associar o novo som a “Even If She Falls” e “Ghost On The Dancefloor”, do agora penúltimo álbum de estúdio da banda.

O fato de ser o sucessor de Neighborhoods (2011), colocou uma pressão ainda maior sobre o novo trabalho: certamente haveriam comparações. A troca de guitarrista e a nova voz que acompanharia Mark Hoppus seria analisada e criticada nos mínimos detalhes, principalmente por aqueles que não perdem a chance de dizer o quanto a banda era melhor antes dos anos 2000. A questão é que deve-se considerar e reconhecer o visível amadurecimento gradativo da banda em todos os sentidos a cada álbum de forma natural e suave. Afinal, pode não parecer, mas aqueles 3 caras pulando e correndo no palco têm mais de 40 anos.

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