Rhaida Bavia
Lançado oficialmente no dia 1 de julho, o mais recente trabalho da banda Blink-182, California, nos convida a uma viagem nostálgica a praticamente todos os álbuns anteriores do trio punk que, ao longo de mais de 20 anos, conquistou milhares de fãs falando de conspirações alienígenas e decepções amorosas em suas músicas.
Sem produzir álbuns de estúdio desde 2011, a banda surpreendeu os fãs ao liberar em 28 de abril o primeiro single, “Bored to Death”. A música chamou a atenção tanto dos fãs mais antigos, pela semelhança com o estilo de Self-Titled de 2003, álbum que marcou o início de uma nova fase para a banda, tanto de quem já havia se esquecido dos caras e captou na música o mesmo sentimento da conhecida “Adam’s Song”, principalmente com a introdução de contra-baixo clássica e as viradas emocionante de bateria no pré-refrão.
O single ganhou um vídeo sem grandes inovações em seu contexto. Cenas de um dia divertido na vida de um adolescente rebelde e entediado e, principalmente, a banda mostrando toda a jovialidade e energia no palco, pela primeira vez, sem Tom DeLonge ao lado de Mark.
As faixas “Rabbit Hole” e “No future”, assim como “Bored to Death” tiveram sua divulgação prévia e contaram com lyric videos, que geraram comentários positivos por parte da maioria do público. A ansiedade dos fãs que aguardavam por novas músicas há quase quatro anos, desde o lançamento do EP de 5 faixas, Dogs Eating Dogs, cresceu ainda mais.
“California” não deixa a desejar em nenhum aspecto. Dialóga de forma delicada, mas perceptível com todos os álbuns anteriores, com ênfase em Self-Titled (2003) e Enema of the State (1999), conforme já havia afirmado o o baterista Travis Barker durante entrevistas pré-lançamento. A primeira faixa,”Cynical”, apresenta de forma sutil a combinação das vozes de Matt Skiba e Mark Hoppus. Seguida de uma virada arrepiante da inconfundível bateria de Travis Barker e uma pegada mais rápida que, assim como “No Future”, lembra muito “Anthem Part Two” do Take Off Your Pants and Jacket (2001). Foi evidentemente uma ótima escolha para a abertura do álbum.
“Kings Of The Weekend” e “She’s Out of Her Mind”, por outro lado, já lembram bem mais faixas como “After Midnight”. A introdução com solo limpo de bateria e um aspecto mais moderno e pop punk torna impossível não associar o novo som a “Even If She Falls” e “Ghost On The Dancefloor”, do agora penúltimo álbum de estúdio da banda.
O fato de ser o sucessor de Neighborhoods (2011), colocou uma pressão ainda maior sobre o novo trabalho: certamente haveriam comparações. A troca de guitarrista e a nova voz que acompanharia Mark Hoppus seria analisada e criticada nos mínimos detalhes, principalmente por aqueles que não perdem a chance de dizer o quanto a banda era melhor antes dos anos 2000. A questão é que deve-se considerar e reconhecer o visível amadurecimento gradativo da banda em todos os sentidos a cada álbum de forma natural e suave. Afinal, pode não parecer, mas aqueles 3 caras pulando e correndo no palco têm mais de 40 anos.