Vitorianas Macabras foi publicado pela Darkside Books em 2020, e é o primeiro de três livros do selo Macabra (Arte: Ana Clara Abbate)
Vitória Lopes Gomez
“Se ser mulher na era Vitoriana já era uma tarefa difícil, tornava-se ainda mais penosa para as que desafiavam o status quo. Um dos traços marcantes do período vitoriano é a luta pela emancipação das mulheres e pelo voto feminino”. É assim que Vitorianas Macabras, coletânea de contos de autoras de suspense e terror da era vitoriana,lembra de suas inspirações. Em uma época marcada pelo fantasmagórico e pelo mórbido, pela precariedade da qualidade de vida e por uma predileção pelo macabro, as escritoras representaram o “entusiasmo pelo progresso”, com contribuições marcantes para a época, desde a literatura até a luta pela emancipação feminina, inclusive com o movimento sufragista.
Entre cinebiografias e ficções, a categoria de Melhor Atriz é formada apenas por figuras que esbarram na maternidade
Kristen, Olivia, Jessica, Penélope e Nicole: qual delas vencerá o Oscar 2022? (Arte: Ana Júlia Trevisan)
Todo ano a categoria de Melhor Atriz gera um dos maiores burburinhos do Oscar, e em 2022 não tem como ser diferente. Além do repeteco do cenário passado, quando nenhuma concorrente fez a rapa nos precursores, a disputa de agora vê 5 mulheres consagradas na indústria, em papéis fortes, encorpados e marcantes. E, como coincidência do destino, todas interpretam mães. Porém, como a ausência de correlações entre as suas obras e a categoria principal denota um ponto negativo da Academia: ela parece não se importar o suficiente com histórias sobre a figura da mulher.
Entre manifestos sociais, denúncias políticas e a celebração de uma figura histórica, os Curtas do Oscar 2022 exploram a vastidão da linguagem cinematográfica (Foto: Reprodução/Arte: Jho Brunhara)
Como forma de condensar a longa e complexa cobertura do Oscar 2022, o Persona decidiu reunir os 15 curtas em um único post, enxugando as informações e entregando a seus leitores uma experiência de imersão dentre a vasta gama de alcance dos títulos reconhecidos pela 94ª edição da cerimônia. Abaixo, você confere comentários, curiosidades, opiniões e contextualização a respeito das 5 animações, 5 live actions e 5 documentários que a Academia prestigiou.
O Oscar 2022 marca a primeira edição em que duas pessoas queer concorrem nas categorias de atuação
Além das duas atrizes queer indicadas esse ano, filmes como Ataque dos Cães, A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas e Spencer trazem subtextos ao tema (Arte: Nathália Mendes)
Vitória Lopes Gomez
Pela primeira vez em 94 edições de Oscar, duas pessoas pertencentes à comunidade LGBTQIA+ disputam em categorias de atuação no mesmo ano. Kristen Stewart, indicada a Melhor Atriz por Spencer, e Ariana DeBose, em Atriz Coadjuvante por Amor, Sublime Amor, ambas assumidamente queer, fazem da nonagésima quarta temporada do evento histórica. Somando ao avanço, o maior mencionado da premiação, Ataque dos Cães, e o documentário Flee, que também fez história esse ano, tratam de temas ligados à homoafetividade. Tudo isso em 2022, antes tarde do que ainda mais tarde para uma Academia de Artes e Ciências Cinematográficas atrasada em reconhecer a diversidade.
Quarto de despejo foi o livro debatido em Fevereiro pelo Clube do Livro do Persona; hoje, 14 de março, sua autora completaria 108 anos (Foto: Editoria Ática)
Vitória Lopes Gomez
Das confissões mais íntimas de Carolina Maria de Jesus, surge Quarto de despejo. Mesmo com mais de 1 milhão de cópias vendidas – 10 mil só na primeira semana -, tendo ganhado traduções para 13 idiomas e sendo comercializado em mais de 40 países, o nome da autora não significava tanto, à época, quanto agora – que ainda é pouquíssimo, se comparado aos devidos créditos merecidos. Mulher negra, mãe solo, moradora da favela, antes de ter seus diários publicados, a luta do dia a dia de Carolina era por comida. Seus escritos sempre foram importantes para ela, mas nunca mais do que os filhos e o árduo trabalho diário, o único meio de alimentá-los.
Destaques de Fevereiro de 2022: Avril Lavigne, Mitski, Gilsons e Black Country, New Road (Foto: Reprodução/Arte: Nathália Mendes)
Dando sequência ao novo formato do querido Nota Musical, a Editoria do Persona se reúne novamente para trazer suas impressões sobre os mais empolgantes – e outros nem tanto – lançamentos do mês. Despedindo-se do último palíndromo (22/02/2022) da década, Fevereiro foi uma montanha-russa de sentimentos. Em curtos 28 dias suando de calor, chegamos até a assistir de longe uma guerra ser declarada. No dia 23 de fevereiro, o mundo também deu adeus à Paulinha Abelha, vocalista da banda de forró tecnobrega Calcinha Preta. Presente no ambiente da Música nacional desde 1996, o ritmo sônico do grupo ecoa pelos mais diversos sons brasileiros.
Entre o melhor do Cinema em 2021, tivemos a estranha fofura de Lamb, a imponência de A Lenda do Cavaleiro Verde e o carisma infinito de Encanto (GIF: Reprodução/Arte: Ana Clara Abbate/Texto de Abertura: Vitória Silva)
Não poderíamos terminar o Melhores do Ano sem falar do setor que retomou os seus dias de glória em 2021: o Cinema. Após a paralisação completa das salas ao redor do mundo em 2020, em decorrência da pandemia de covid-19, o audiovisual precisou se readaptar. Com isso, ano passado foi o momento de observar o efeito da ascensão dos streamings, assim como o retorno da sagrada experiência de subir as escadas para sentar em uma poltrona aconchegante e comer pipoca fresquinha enquanto assiste ao mais novo lançamento cinematográfico na telona.
Vencedor do importante Prêmio do Público no Festival de Toronto, Belfast chega como um forte concorrente no Oscar 2022 (Foto: Universal Pictures)
Vitória Lopes Gomez
“Belfast ainda estará aqui quando você voltar”. Dito e feito: o bom filho à casa torna e o ator, diretor, roteirista e produtor Kenneth Branagh usou seu espaço na Sétima Arte para reviver a infância na sua familiar vizinhança. Irlandês, o cineasta se mudou para a Inglaterra aos nove anos de idade, em um período em que seu país e cidade natal enfrentavam os conflitos entre católicos e protestantes. Branagh, um dos principais entusiastasshakespearianos da indústria cinematográfica, entre outras diversas produções no currículo, se voltou, agora, à sua própria história. Com um molde autobiográfico, Belfast relembra os dias de seu idealizador na cidade, mesmo que a nostalgia não seja tão simples.
Entre o melhor da Música em 2021, tivemos os discos de Linn da Quebrada; Tyler, The Creator; e Olivia Rodrigo (GIF: Reprodução/Arte: Ana Clara Abbate/Texto de Abertura: Raquel Dutra)
É um clichê introduzir uma lista de melhores do ano dizendo que o tal período foi “muito rico” ou “memorável” ou “maravilhoso” para a determinada área que a seleção em questão se propõe a registrar. Mas ao fim de 2021, não resta outra conclusão: o ano foi realmente muito especial. É uma série de motivos que sustentam a afirmação para além de uma expressão comum, e o Persona, que acompanhou cada Nota Musical dos referidos 12 meses, não só pode como deve te explicar o porquê o ano que passou ficará marcado na História da Música. Então, para fazer valer o clichê é que estamos aqui com Os Melhores Discos de 2021.
Conversando com o Mês da Mulher, a quinta edição do Estante do Persona foi ambientada pela leitura do Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus (Foto: Reprodução/Arte: Vitor Tenca/Texto de Abertura: Vitória Lopes Gomez)
Fevereiro oficializou uma tradição do Clube do Livro: se no começo não passava de um mero acaso, cinco meses depois, os membros da Editoria não conseguiram mais negar que são as autoras que dominam nossas leituras em grupo. Com o Mês da Mulher em mente, a decisão pela obra da segunda rodada do ano não poderia ser diferente. A escolhida? Carolina Maria de Jesus e seu impactante Quarto de despejo.
Contemplando, também, o mês de aniversário da escritora, o Clube mergulhou em sua primeira história não-ficcional, e uma das produções mais doloridas lidas em conjunto até então. Publicado em 1960, o livro foi um achado do jornalista Audálio Dantas, que se deparou com Carolina e seus diários ao reportar o cotidiano da favela do Canindé, na cidade de São Paulo. Por sorte, Dantas reconheceu o poder daquela documentação e revelou ao mundo o simples, mas potente, dom da autora de contar sua história. Da vida de Carolina Maria de Jesus, nasceu Quarto de despejo: Diário de uma favelada.
No encontro único de Fevereiro, os membros do projeto literário do Persona se chocaram com os relatos crus e cruéis da obra. Também, exercitaram seu entendimento das vivências do outro, investigaram o título do trabalho, se impressionaram com a figura articulada e à frente de seu tempo que foi Carolina, além de discutirem o valor das narrativas não-ficcionais. De acordo, o Clube compreende que a importância de uma história verídica é documentar e fazer entender a realidade de quem escreve.
Depois de se surpreenderem com as similaridades das Pessoas normais com nosso mundo, os membros mergulharam na vida real, de fato. Firme e forte em suas leituras, renovadas no mês dedicado a Quarto de despejo, o Persona continua empenhado em expandir seu escopo de gêneros e obras.
Nisso, o projeto aproveitou o gás dos encontros mensais e emplacou a renovação da colaboração com a Companhia das Letras: agora, o projeto ganha o crachá de Parceria Fixa. Enquanto os próximos conteúdos do mundo literário não chegam, o Estante do Persona segue com seus comentários e com as Dicas do Mês, de obras escritas exclusivamente por autoras, em homenagem ao Mês da Mulher.