Se você não pode parar a chuva, dance com ela ao som de Equals

Capa do álbum Equals, de Ed Sheeran. O fundo é vermelho, com jatos de tintas preta, amarelo e rosa. Ao centro, está pintado em preto um sinal de igual. Em torno do sinal, estão desenhos de borboletas em movimento. Na parte inferior uma amarela e, no sentido anti-horário, estão uma azul, uma verde claro, uma bege claro, uma verde e uma azul piscina.
O aguardado quinto álbum solo de Ed Sheeran saiu no final do mês de outubro (Foto: Asylum Records UK/Warner Music UK)

Heloísa Ançanello e Júlia Paes de Arruda 

Amadurecer pode trazer consigo um sentimento de nostalgia. Relembrar, de bom agrado, os velhos tempos e se deliciar com os novos caminhos que tem pela frente. É nessa atmosfera que Ed Sheeran apresenta = (Equals), com um doce sabor que não víamos desde seu último lançamento solo, em 2017. Ainda que o britânico permaneça na sua zona de conforto com o pop comercial, o álbum se destaca por sua qualidade em cada nota e ritmo, tornando-o um dos melhores e mais vulneráveis trabalhos que o cantor já nos apresentou. 

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Os dias são melhores em Scaled And Icy

A imagem é uma arte de divulgação do disco Scaled And Icy. Nela, há um recorte dos rostos de Tyler Joseph, à esquerda, e Josh Dun, à direita. O topo da cabeça de Tyler está cortado, em que há um homem ao centro dela com uma luz brilhando ao fundo. O topo da cabeça de Josh também está cortado, mas com a cabeça e o corpo de um dragão azul emergindo. Os dois são homens brancos.
Lançado no dia 21 de maio, Scaled And Icy é o sexto álbum do Twenty One Pilots (Foto: Fueled by Ramen)

Vitória Silva

Há 10 anos, Twenty One Pilots vem fazendo barulho ao redor do globo terrestre. Desde Regional at Best, o duo original de Columbus, Ohio, formado por Tyler Joseph e Josh Dun, luta constantemente para manter a unicidade de sua musicalidade, caracterizada por uma junção de elementos que vão desde o rap até o pop dançante. Característica essa  inegociável para a banda, que fez questão de manter seus gritos estridentes mesmo após assinarem o contrato com a gravadora Fueled by Ramen.

Mas a identidade de Joseph e Dun vai muito além de se aventurar em diferentes estilos musicais, usar gorros na cabeça e moletons com desenho de esqueleto. Desde o lançamento do Blurryface – que, de fato, revelou Twenty One Pilots mundo afora – a dupla vem materializando a construção do seu próprio universo no meio musical. Muito mais do que apenas uma era, essa concepção contempla, agora, 3 álbuns completos, e contando.

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Ser 100% Charlie Brown Jr é permanecer Abalando A Sua Fábrica, mesmo após 20 anos

Capa do disco 100% Charlie Brown Jr - Abalando A Sua Fábrica. Na parte superior está escrito “100% Charlie Brown Jr” com letras estilo de rua vermelhas. Ao lado direito superior existe uma pequena frase escrita “Abalando A Sua Fábrica” com letras distorcidas e fundo preto. Ao lado da frase, tem o desenho preto de uma fábrica sendo destruída por uma bola de destruição. No centro tem uma imagem com fundo predominante vermelho e amarelo. A imagem é a caricatura dos integrantes da banda. Da esquerda para a direita, está desenhado um homem branco de cabelos loiros e jaqueta azul. Ao lado dele, está desenhado um homem branco de chapéu vermelho e blusa marrom. Ao lado dele, está desenhado um homem branco com chapéu roxo que tampa os olhos e veste blusa marrom. Ao lado dele, está desenhado um homem branco de cabelos castanhos e blusa alaranjada.
Depois do disco Nadando com os Tubarões, a banda Charlie Brown Jr. lançou seu quarto álbum, sendo esse o primeiro sem participações de convidados externos (Foto: EMI/Charlie Brown Jr.)

Leticia Stradiotto

O Começo do Fim do Mundo, em 1982, foi o principal marco do punk rock brasileiro. O festival em São Paulo contou com a participação das primeiras bandas nacionais com foco na contracultura e foi dividido em dois dias, onde grupos como Ratos De Porão e Cólera eram atrações. Porém, logo no segundo dia, a Polícia Militar invadiu o local para queimar documentos relacionados à ditadura. Dessa forma, no fim dos anos 90, com a continuação da tendência punk em 2001 – quase 20 anos depois do evento – o grupo Charlie Brown Jr. lança o seu quarto disco e demonstra que agora, no som nacional, a única coisa a ser queimada é a censura.

O álbum 100% Charlie Brown Jr – Abalando A Sua Fábrica teve importância não só na evolução do conjunto musical, mas também na releitura do punk rock ao modo brasileiro de ser. Com a saída do guitarrista Thiago Castanho, é o primeiro projeto sem a formação original da banda e gravado com todos os instrumentos ao mesmo tempo, no estilo garage rock. Se você acha que o termo “100% Charlie Brown Jr” é uma ironia à separação e possivelmente uma saída do convencional em grupo, você está certo. Afinal, é fato que o vocalista Chorão (Alexandre Magno) era dono de um caráter forte – um tanto quanto rebelde – e queria marcar presença de uma forma específica: Abalando A Sua Fábrica, independente de qual fosse.

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30 anos de Loveless, o ruído total de My Bloody Valentine

Capa do álbum Loveless do grupo My Bloody valentine. Na imagem, há o captador de uma guitarra coberto por uma camada nebulosa de cor rosa. Toda a imagem possui um filtro de cor rosa. Na parte inferior esquerda, está escrito my bloody valentine também em fonte de cor rosa.
Loveless, segundo álbum de My Bloody Valentine, completou 30 anos em 4 de novembro de 2021 (Foto: MBV Records/Domino Recording)

Bruno Andrade

Músicos são, geralmente, indivíduos que se alimentam da matéria sonora presente em seu tempo, buscando criar algo totalmente novo; por essa razão, a Música está sempre morrendo e renascendo. Quando tentamos classificá-la, surgem descrições que tendem a separá-la do todo, numa tentativa de evidenciar o que a define como única e distinguível àquela sociedade. Mas como classificar o ruído? Alguns podem chamar de shoegaze, gênero no qual My Bloody Valentine carrega o maior prestígio, e cujo hipnótico Loveless, segundo álbum de estúdio do grupo, completou 30 anos no começo de novembro.

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Starboy: há 5 anos, The Weeknd se consagrava como uma potência do pop

Capa do álbum Starboy de The Weeknd. O cantor de pele negra e cabelo curto está em uma pose agachada, ele veste uma jaqueta de couro e um colar de cruz enquanto é iluminado por uma luz neon de tom azul em frente a um fundo vermelho. Na parte superior da imagem, o nome do álbum, Starboy, é escrito em fonte amarela.
A revelação da capa de Starboy causou um alvoroço pela mudança brusca na identidade visual de The Weeknd (Foto: Nabil Elderkin)

Nathalia Tetzner

Quando The Weeknd apareceu com o cabelo curto substituindo os seus icônicos dreadlocks, os fãs sabiam que a construção de uma nova identidade visual viria acompanhada de músicas inéditas. Afinal, ao contrário da grande parte dos artistas masculinos, Abel Tesfaye sempre soube compor grandes eras à la divas pop. Assim, no outono americano, com o lançamento do videoclipe do primeiro single e faixa-título do seu terceiro álbum de estúdio, Starboy (2016), o cantor literalmente assassinou a persona do Beauty Behind The Madness (2015) e deu início ao projeto mais mainstream de sua carreira.

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Nós comeremos bolo em frente ao mar para comemorar os 5 anos de DNCE

Capa do álbum DNCE. Os integrantes estão em uma sala amadeirada, com uma lareira antiga em cinza e tapete claro. Joe está mais próximo da câmera, sentado numa poltrona marrom com um acolchoado verde claro. Ele é branco, de cabelos curtos pretos com barba e bigode curtos. Ele veste uma camisa de manga longa e uma calça preta e está descalço, sentado com a perna esquerda cruzada. Ele segura uma xícara com pires brancos e está olhando para a câmera. Ao seu lado, está uma mesa pequena, redonda e alta com um prato com frutas. Em sua frente, está uma mesa de centro branca pequena, com alguns pratos com comida. Apoiada na lareira, está JinJoo Lee, mulher sul-coreana de cabelos pretos e rosas pretos em um coque. Ela veste um body preto sensual e botas pretas até metade da coxa. Seus pés estão apoiados numa pequena escada de madeira. Junto à lareira, estão três porta retratos pequenos e um quadrado grande de uma pintura antiga, com DNCE escrita em tinta verde fluorescente. Na ponta esquerda da lareira, há ainda um castiçal com 5 velas acesas. Atrás de JinJoo, está uma mulher mais velha, com roupas de faxineira pretas e brancas, limpando uma estante alta de livros. A mulher é branca, com a mão esquerda segura um espanador limpando uma prateleira e a mão direita está apoiada na cintura. Ela olha com indignação para JinJoo. Ao lado de JinJoo, mais abaixo, está Cole Whittle, sentado numa poltrona marrom com um acolchoado verde claro. Ele é branco e grita eufórico com um livro laranja aberto na mão direita. Ele veste uma camisa aberta preta estampada, meias azuis escuras até a canela com três listras vermelhas e uma bota preta. Ele está com a perna direita cruzada sob a outra. Apoiado na cadeira de Cole, está Jack Lawless. Ele é branco, de cabelos castanhos claros compridos até o ombro. Ele veste uma camisa preta com detalhes em branco e uma calça preta. Ele segura uma xícara branca com a mão direita e sua perna direita está levemente dobrada. Ao seu lado, está uma mesa pequena e baixa, com um telefone antigo e um vaso com flor vermelha.
“Coloque seus pés acima das mãos e D-N-C-E” (Foto: Republic Records)

Júlia Paes de Arruda

Depois de um impetuoso começo na carreira solo, Joe Jonas decidiu tentar outra forma de permanecer nos holofotes da Música. Com o término dos Jonas Brothers ainda recente, ele se uniu com seu amigo de longa data Jack Lawless para formar o DNCE, junto com a guitarrista JinJoo Lee e o tecladista Cole Whittle. Ainda que seu primeiro lançamento tenha sido uma incógnita, somente em 2016 que o quarteto sentiu seu deleite com a chegada de um álbum autointitulado. 

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Love For Sale põe à venda os amores mais fraternos

Cena das sessões de gravação do álbum Love For Sale. Fotografia retangular. Ao fundo, vemos um estúdio musical. No canto direito da imagem, observamos a dupla Lady Gaga e Tony Bennett. Lady Gaga é uma mulher branca, de cabelos loiros, está em pé, com um vestido bege, segurando uma bolsa e olhando para Tony. Tony Bennett, por sua vez, é um homem idoso, está sentado e retribuindo o olhar de Gaga. Ele aparece de perfil, mostrando poucos traços do rosto.
No último álbum da carreira, Tony Bennett vê sua trajetória artística ser devidamente honrada por Lady Gaga (Foto: Kelsey Bennett)

Eduardo Rota Hilário

Esqueça os mais de dez anos revolucionários da carreira de Lady Gaga. Isso mesmo, esqueça. Ou pelo menos não se apegue a eles. Hoje, nós vamos falar de tradição: o jeito mais Gaga de ser tradicional possível. Não, a Mother Monster não abandonou o pop. Mas Love For Sale (2021), seu novo álbum ao lado da lenda do jazz Tony Bennett, segue um estilo bastante clássico do início ao fim. Longe de arquitetar revoluções, o segundo disco conjunto da dupla ainda assim é capaz de inovar a discografia da cantora. E por ter a intenção de ser um tributo ao compositor norte-americano Cole Porter, é um pouco injusto classificá-lo como caxias. Afinal, ele cumpre muito bem seu papel, destacando-se por cargas emotivas e preciosidades vocais.             

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Nota Musical – Outubro de 2021

Destaques do mês de outubro: Gloria Groove, Jão, Ed Sheeran e Alice Caymmi(Foto: Reprodução/Arte: Jho Brunhara/Texto de abertura: Raquel Dutra)

O mês de outubro foi o mais agitado de 2021 aqui no Persona. Iniciado com o especial para o Mês do Horror e intermediado pela cobertura intensa da 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, os últimos 31 dias também viram o nascimento do nosso Clube do Livro, que aqui no site se materializou na Estante do Persona, nosso novo quadro mensal literário. Entre todas essas atividades, não deixamos de acompanhar o mundo da Música, e agora, chegamos para comentar tudo o que rolou no décimo mês do ano no Nota Musical.

Tudo começou com um misterioso número 30 surgindo nas principais cidades do mundo. Como um bat-sinal, Adele criou um momento no início de outubro para a divulgação de seu retorno, que acontece depois de seis silenciosos anos que sucederam seu último disco, 25. Agora, seremos apresentados aos 30 da artista, e o single Easy On Me foi mestre em nos introduzir ao novo estágio da vida de Adele, que encontrará seu lugar no mundo em forma de disco no próximo dia 19 de novembro.

Enquanto Adele ressurgia com os seus números, Ed Sheeran retornava com os seus sinais. Como anunciado pelas variáveis e constantes de Bad Habits e Shivers, o novo disco do cara mais legal do pop chegou para continuar sua concepção musical pautada na matemática. Agora, +, × e ÷ tem a companhia de =, e para o bem ou para o mal, a música de Ed é assumidamente definida pelo símbolo de igual. 

Por outro lado, as sábias operações musicais de Lady Gaga e Tony Bennett decidiram apostar tudo num jazz que coloca o amor à venda. Da mesma forma, Hans Zimmer, por sua vez, concluiu na trilha do novo 007 que não temos tempo para morrer, The War on Drugs percebeu que precisa de um novo lugar no indie rock, e Brandi Carlile criou sua aclamada música country a partir de dias silenciosos.

Há também os que buscam a maior abstração possível. É assim com Coldplay e seu novo disco Music of the Spheres, que inventa de buscar outras formas de vida e de expressão distanciando-se do que nos conecta uns aos outros aqui na Terra. Mas nem tudo está perdido: as viagens atmosféricas de outubro funcionam sob a condução de Felipe de Oliveira, Tirzah e Black Country, New Road. Quem quiser acompanhar as belezas descobertas pelos artistas em ascensão, pode conferir os discos Terra Vista da Lua e Colourgrade e o single Chaos Space Marine.

Se alguns embarcam em direção ao exterior, outros mergulham no interior. Na MPB, essa foi a direção de Caetano Veloso em Meu Coco, e de Ney Matogrosso em Nu Com a Minha Música. No rock, o movimento nos entrega o melhor de Sam Fender em seu segundo disco, Seventeen Goin Under. No pop, foi a tática de importantes estreias: lá, FINNEAS descobriu um otimismo agridoce e PinkPantheress resolveu mandar tudo pro inferno.

É da dimensão íntima que outros grandes nomes trazem grandes coletâneas. Silva comemorou seus dez anos de carreira com De Lá Até Aqui; Megan Thee Stallion presenteia seus fãs com Something for Thee Hotties; Elton John traz sua música de quarentena em The Lockdown Sessions; Nick Cave & The Bad Seeds desenterram alguns tesouros em B-Sides & Rarities (Part II); e Madonna disponibiliza sua experiência ao vivo de Madame X nas plataformas de streaming

Assim, outubro também foi um mês de retornos. Primeiro, The Wanted movimentou a internet com seu comeback anunciado através de Rule The World, primeiro lançamento da banda desde sua separação em 2014. Depois, Agnes chega para o revival da era disco em seu quinto álbum, Magic Still Exists, que finaliza um hiato de quase dez anos. Já Tears For Fears viveu um intervalo um pouco maior, mas agora o jejum iniciado em 2004 está encerrado com The Tipping Point, faixa-título do novo álbum da dupla britânica, cujo lançamento está previsto para o início de 2022.

Quando o assunto é novidade, também estamos bem servidos. Em terras brasileiras, o pop viu o encontro de ANAVITÓRIA e Jorge & Mateus, teve mais uma chance de reconhecer Johnny Hooker, finalmente recebeu a estreia de Priscilla Alcantara e o terceiro álbum de Jão. O funk juntou Valesca Popozuda e Rebecca, o rap esteve com Karol Conká e WC no Beat, e a MPB ganhou a companhia de Jorge Drexler na nova canção de Marisa Monte, mas o maior destaque de outubro vai para a Imaculada Alice Caymmi.

Fora do país, o nome segue sendo o de Anitta, que esse mês, apareceu junto de Saweetie em Faking Love. Mas desta vez, a Girl From Rio não representou o Brasil sozinha na música internacional. Nas tabelas, A QUEDA de Gloria Groove significou ascensão, e a drag brasileira estreou na parada global da Billboard. O mesmo sucesso e apreço não pode ser encontrado na colaboração entre Jesy Nelson e Nicki Minaj, já que o lançamento de Boyz veio encharcado de polêmicas da líder Barbz nas redes sociais, e episódios de blackfishing por parte da ex-Little Mix.

Ainda bem que a Música pode contar com a honestidade de Phoebe Bridgers, que usou That Funny Feeling para levantar sua voz em oposição à legislação antiaborto mais restritiva dos Estados Unidos que avança no Texas. O cover da artista esteve no radar mensal do indie, que também tem novidades preciosas no novo disco de Lana Del Rey e nas canções de Mitski e Michael Kiwanuka

Por fim, outubro ainda trouxe um belo descarte de Ariana Grande, novos contornos para a Conan Gray, clipes de Troye Sivan, Kacey Musgraves e Olivia Rodrigo, e o encontro gigante de The Weeknd com Swedish House Mafia. Foi um mês e tanto, mas o Persona nunca deixa de se atentar às novidades e decepções que a Arte nos oferece. Na décima edição do Nota Musical, nossa Editoria e nossos colaboradores se reúnem para vasculhar os CDs, EPs, músicas e clipes que ecoaram por aí em Outubro de 2021.

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Depois de muita luta, Diretoria celebra os dias de glória de Tasha & Tracie

A imagem é uma fotografia das gêmeas Tasha e Tracie. Em primeiro plano, ao lado esquerdo está Tasha, uma mulher preta de pele clara e cabelos compridos cacheados, com olhos castanhos escuro, possui piercing no nariz, veste uma roupa típica de passistas no carnaval formada por um sutiã de pedrarias e um adereço de pedrarias na cabeça. Ela possui algumas tatuagens visíveis pelo corpo e suas mãos estão posicionadas na altura dos seios. Ao seu lado sua irmã Tracie, gêmea idêntica, uma mulher preta de pele clara e cabelos compridos cacheados com olhos castanhos escuros, veste uma roupa típica de passistas do carnaval similar a de Tasha, com pedrarias. Ela também possui algumas tatuagens visíveis, suas mãos estão posicionadas uma em seu rosto e outra na altura dos seios. A foto está em preto e branco, e não há fundo aparente.
As irmãs Tasha e Tracie, filhas de pai nigeriano e mãe brasileira, lançam o EP Diretoria e levam todo o poder de Peri, Zona Norte de SP, para o mundo (Foto: Tasha e Tracie/Ceia Ent.)

Geovana Arruda

Os dias de glória e as rimas sem censura das gêmeas Tasha e Tracie Okereke tornaram Diretoria uma obra-prima do começo ao fim. Desde o lançamento, no dia 19 de agosto de 2021, as paulistanas da Zona Norte conquistaram os fãs e as paradas das plataformas de streaming com verdadeiros hits que ilustram suas conquistas como as poderosas “pretas, chave da favela”. Após o lançamento de Rouff em 2018, as irmãs apresentam majestosamente Diretoria, composto por 7 faixas com o selo da Ceia Ent., coletivo de hip hop que possui grandes lançamentos como JOVEM OG, do rapper Febem, e NU, de Djonga.

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Sob escombros do pós-guerra, nasceram os escultores do heavy metal: o quarteto desajustado que se tornou o sinistro Black Sabbath

Capa do primeiro disco do Black Sabbath, o qual recebe o mesmo nome da banda. Fotografia quadrada com o nome do grupo na parte superior central. A região parece ser rural. O clima é nublado e as folhas, secas. Em segundo plano, há uma casa e, pela textura da imagem — meio desfocada e não tão nítida — dá a sensação de ser mal-assombrada. No primeiro plano, ao centro, uma mulher muito pálida e vestindo capa preta olha diretamente para o espectador, instaurando um ambiente misterioso.
A capa do primeiro disco do Black Sabbath serviria muito bem para um filme de terror: a figura central pode tanto ser uma bruxa como a figura misteriosa vestindo preto, mencionada na faixa inicial; fato é: era uma amiga da banda e nunca recebeu direitos pela foto (Foto: Black Sabbath)

João Pedro Piza

A Segunda Guerra Mundial, em muitos aspectos, mudou os rumos da humanidade. As atrocidades presentes no front, o medo constante da vigilância proveniente dos membros dos Estados totalitários e o horror disseminado pelas mais modernas técnicas de batalha forjaram no inconsciente dos cidadãos europeus um grande sentimento de desesperança. A Inglaterra, uma das potências mundiais da época e, por isso, grande alvo de Hitler na parte ocidental do continente, foi bombardeada pelos aviões alemães da Luftwaffe em 1940. Sob escombros e com pelo menos 450 mil mortos, os ingleses buscavam reestruturar o país a partir dos anos 1950, após a vitória dos aliados e dos efeitos do Plano Marshall. Mas não era nada fácil.

Nesse contexto, seria pouco coerente as manifestações artísticas do cenário cultural de Birmingham, cidade industrial e protagonista da metalurgia na Inglaterra, rodeada pela miséria, desemprego e crises, apresentarem o mesmo tom de paz, amor e esperança dos hippies — especialmente poetas e músicos norte-americanos. Dessa forma, Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward possuíam uma ótica pessimista e distópica no que tange a maneira de encarar a sociedade e ver o futuro. Naturalmente, trocaram as roupas coloridas e as flores por jaquetas de couro e crucifixos. 

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