Emily em Paris é uma série perfeita para os anos 2000

Cena da série Emily em Paris. Há 3 personagens na foto, Emily, uma mulher branca de estatura média, usa um vestido lilás de babados, salto alto, óculos de sol e cabelos castanhos soltos até a altura da cintura. Ao lado dela, Mindy, sua melhor amiga, usa uma blusa amarela de babados, um short cor de rosa, um chapéu, e saltos altos. Ela é uma mulher asiática de estatura média. E ao lado dela, Camille, uma mulher branca, com cabelos loiros até a cintura, usa óculos de sol, um blazer oversized e sapatos brancos. Ao fundo é possível ver motocicletas de luxo estacionadas em frente a um estabelecimento de toldo vermelho.
A segunda temporada de Emily em Paris tem looks que chamam mais atenção do que a forçação de barra do trio protagonista (Foto: Netflix)

Giovana Keiko

Emily em Paris, série de Comédia estrelada por Lily Collins, que interpreta a marketeira Emily Cooper, se passa quando, há alguns meses na cidade luz, novos dilemas aparecem no caminho da personagem. Mas nada muito preocupante. O seriado pode ser colocado na categoria de “Séries de Almoço”, aquelas de meia horinha, que assistimos com leveza, por puro entretenimento, sem precisar se preocupar com o conteúdo agregado de fato. Ou seja, a mais pura e bela distração. Se você procura por isso, a produção da Netflix é um prato cheio.

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Adele One Night Only parece com um filme e soa como uma canção

Imagem do show especial de Adele, chamado One Night Only, em Los Angeles. Essa é uma foto retangular. No centro da foto, com um foco mais significativo, temos a cantora britânica Adele segurando um microfone e performando, com grande empenho, uma de suas músicas. Ela é uma mulher de idade mediana, branca, de cabelos longos e loiros e seus olhos são verde claro. Seus cabelos estão presos em um coque volumoso e alto com alguns fios soltos, usando um brinco grande dourado de esfera com um arco grande em volta, simulando o planeta Saturno. Ela veste um vestido preto com uma manga princesa volumosa. Ao fundo, temos uma imagem desfocada da entrada do Observatório Griffith.
Adele celebra o lançamento do álbum 30 com um show especial direto de Los Angeles (Foto: CBS)

Vinícius Rodrigues

Shh Silêncio! Adele começou a cantar e o mundo inteiro está afim de ouvir. Exibido em novembro de 2021, no canal estadunidense CBS, e transmitido simultaneamente no Paramount+, Adele One Night Only contou com a interpretação de clássicos da cantora londrina e canções inéditas de seu quarto álbum de estúdio, 30. A apresentação musical ocorreu em outubro do mesmo ano, no Observatório Griffith, localizado em Los Angeles. Ao mesmo tempo, uma entrevista conduzida por Oprah Winfrey abriu as cortinas para o que seria o show de Adele.

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Star Wars: Visions conta crônicas da Galáxia distante

Cena da série Star Wars: Visions. A imagem mostra um deserto. Há uma nave espacial afundada na areia. A foto é iluminada por luzes alaranjadas, provenientes do pôr do sol. Há dois sóis na imagem. O céu está em degradê, indo do rosa ao amarelo.
O laranja do céu poente do planeta Tatooine tem um diferencial: dois sóis (Foto: Disney+)

Laura Hirata-Vale

Star Wars: Visions, a fascinante nova aposta da Lucasfilm Ltd., possui nove episódios, nove histórias e nove estilos de animação diferentes. Lançada em setembro de 2021, os desenhos vão de traços fortes em preto e branco a traços suaves em cores vivas e cores pastéis, e de episódios musicais e fofos a outros com vários plot-twists. Feita em parceria com sete estúdios produtores, a antologia conta jornadas de novos personagens do universo de Guerra das Estrelas, ao mesmo tempo em que celebra a essência da saga. A obra é um prato cheio que pode apetecer vários gostos.

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Genera+ion trata do amadurecimento na língua da Geração Z

cena da série Generation, com todo o elenco principal da série: Chloe East, Uly Schlesinger, Nathanya Alexander, Haley Sanchez, Lukita Maxwell, Chase Sui Wonders, Justime Smith, e Sydney Mae Diaz. Todos olham na direção do espectador.
Genera+ion retrata um grupo de adolescentes que exploram suas relações e sexualidade enquanto se aproximam dos novos amigos (Foto: HBO Max)

Maju Rosa

Pesquise no Google: como dar à luz?”. É assim que somos apresentados ao caótico episódio piloto da série teen do HBO Max, Genera+ion (escrita dessa forma mesmo). Lançado em março de 2021 (e em junho, no Brasil), é uma aposta para captar o público jovem LGBTQIA+, e levá-lo para a fase que todos passamos em algum momento: os dramas adolescentes sobre dificuldades adolescentes – e que apenas os adolescentes entendem. E apesar de ter conquistado um espectador que se identificou com a história de Chester, interpretado por Justice Smith (também protagonista de Detetive Pikachu e The Get Down), e seus novos amigos, a produção não foi renovada pelo streaming.

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O réquiem de Castlevania

Cena da quarta temporada de Castlevania. Isaac Adetokumboh M’Cormack) luta com Carmilla (Jaime Murray) em um salão coberto de sangue, enquanto são observados por Criaturas da Noite. Isaac, vindo pela esquerda, é um homem negro, magro e careca, usando robes azuis claros e uma calça azul escura. Carmilla, vindo pela direita, é uma mulher branca e magra, de cabelos longos e brancos e pele pálida, usando um vestido vermelho e saltos dourados. Ela ataca Isaac com uma espada longa e vermelha, que vai de encontro a uma adaga segurada por Isaac com as duas mãos, que também brilha vermelha. Atrás de Isaac, uma Criatura da Noite humanóide o ajuda a segurar a força do impacto. A Criatura possui asas demoníacas e pele branca e pálida, exceto nas pernas e nas asas, que são negras. Em sua cabeça, há chifres curvilíneos que vão para trás, onde sua pele tem um tom rubro e carnoso. Outras criaturas assistem a luta, de costas para grandes janelas que se erguem do chão ao teto e deixam entrever o céu noturno e chuvoso.
Entre sangue, monstros, vampiros e controvérsias, Castlevania se despede com ferocidade (Foto: Netflix)

Gabriel Oliveira F. Arruda

É bem possível que estejamos entrando em um período de ouro para as adaptações de videogames na Televisão: embora o Cinema ainda sofra para traduzir narrativas interativas para filmes de duas horas, vemos cada vez mais exemplos de como estruturas serializadas são capazes de realizar essa transição incólumes. Arcane, da Netflix, conseguiu transformar a poderosa mitologia de League of Legends em uma das melhores séries do ano, construindo uma trama emocionante sobre desigualdade e opressão em cima de um jogo de estratégia competitivo, enquanto a versão de The Last of Us para a HBO promete estar na vanguarda da temporada de premiações de 2023.

Porém, ainda em 2021 tivemos um novo e último capítulo para a série que provavelmente deu início à essa moda. Na quarta temporada de Castlevania, diversos arcos são concluídos e a busca de seus protagonistas para acabar com o mal de uma vez por todas chega ao seu final climático. A adaptação da icônica franquia de jogos da Konami que empresta parte do nome ao gênero metroidvania foi desenvolvida pelo estúdio Powerhouse, que desde então vem provando sua excelência no meio com projetos como O Sangue de Zeus e Mestres do Universo: Salvando Eternia. Após uma humilde primeira temporada com apenas quatro episódios, a trama do seriado rapidamente se expandiu para uma verdadeira saga de poder e mitologia vampírica.

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As verdades oblíquas de Dickinson

Cena da série Dickinson. Emily (Hailee Steinfeld) está sentada em sua escrivaninha, de frente para uma janela no centro da imagem. É dia, e uma cortina transparente cobre a janela. Emily se vira para a esquerda para observar alguma coisa, preocupada. Ela é uma mulher jovem, caucasiana e magra, de cabelos castanhos-escuros longos amarrados num coque. Ela usa um longo vestido azul marinho de mangas longas. Do seu lado esquerdo, vemos a ponta de um guarda roupa de madeira com alguns livros empilhados no topo e vários outros espalhados ao chão, apoiados num caixote. Ao seu lado direito, mais livros espalhados no chão e outros guardados numa pequena estante que vai até a altura da cintura e outra, acima dela, fixada na parede. Em uma pequena mesa ao seu lado, vemos dois livros maiores apoiados. No canto inferior direito, folhas verdes de uma planta aparecem. O papel de parede do quarto é coberto de flores e folhas sob um fundo bege.
“Conta toda a verdade, mas de viés —/O melhor caminho é o Círculo/Nosso frágil Prazer se ofusca/Se a Verdade vêm de súbito” (DICKINSON, 1872, p. 327)² [Foto: Apple TV+]
Gabriel Oliveira F. Arruda

O que esperamos de histórias biográficas? Quando olhamos para o passado e para as pessoas que viveram nele, buscamos nos identificar com elas? Ou apenas recontextualizar suas vidas e seus modos para inferir sobre nossa própria contemporaneidade? Buscamos fundo em seus registros para demarcar a fidelidade com nossa atual realidade ou apenas nos contentamos em preencher as lacunas de suas vidas para servir às histórias que desejamos contar, usando suas carcaças como figurinos e suas faces como máscaras?

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C’mon C’mon: é preciso olhar para trás para seguir em frente

Cena do filme C’mon C’mon. A cena mostra Johnny, interpretado por Joaquin Phoenix, é barbudo, tem cabelo grande e com mechas levemente onduladas e veste uma camisa social. Ele está olhando para o sobrinho, uma criança vestida de pijama que retorna o olhar enquanto segura um livro. Ambos estão sentados na cama do quarto enquanto conversam.
No Brasil, C’mon C’mon teve sua estreia nos cinemas em 10 de fevereiro de 2022 (Foto: A24)

Larissa Silva

Como você imagina o futuro?”. Essa é a pergunta feita em C’mon C’mon ou Sempre em Frente, no título nacional, lançado em 2021 pela já consagrada produtora A24. No entanto, é o passado e a construção da memória que parecem permear o desenvolvimento da trama. O novo longa de Mike Mills dá continuidade à sua assinatura cinematográfica de teor sentimental, poético e autobiográfico. Enquanto filmes como Toda Forma de Amor e Mulheres do Século 20 são inspirados, respectivamente, nas figuras paterna e materna do diretor e roteirista, C’mon C’mon nasce de sua experiência cuidando do próprio filho.

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Chucky: sátira à sociedade americana e exaltação do terror queer dominam

Cena da série Chucky. Na imagem há um garoto, Jake, vestido com uma moletom em tom de preto manchado com branco, vestindo uma jaqueta de moletom acinzentada por cima. Em suas costas ele carrega uma mochila preta e atrás dele há a imagem de um corredor desfocado com um garoto branco, loiro, vestindo azul ao seu canto direito. Jake tem uma expressão triste. Ele é um adolescente branco, de cabelos encaracolados e médios. Ele carrega consigo um boneco de cabelos ruivos, olhos azuis, que veste uma blusa listrada em tons de vermelho e azul e veste um macacão jeans, o brinquedo Chucky.
O boneco que foi o pesadelo de uma geração volta em sua melhor versão na série presente no catálogo do Syfy (Foto: Syfy)

Ma Ferreira

Em 1988, surgia um novo ícone do Cinema de Terror, uma figura dócil, mas, ao mesmo tempo, demoníaca: Chucky, o brinquedo assassino. Aterrorizando sonhos de muitas crianças dos anos 1990, o boneco entrou para o rol dos psicopatas da cultura pop e ganhou uma franquia de oito longas, um curta-metragem e, atualmente, uma série, que já está renovada e sua segunda temporada sai este ano. A história original de Don Mancini foi ressuscitada e aprofundada no seriado Chucky, voltando às origens do assassino Charles Lee Ray, mostrando sua trajetória até o que se tornou e seus atuais planos.

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A segunda temporada de Aruanas pergunta: quem se beneficia com a devastação?

A foto mostra um grande cartaz amarelo pendurado na cobertura de um estádio de futebol, mais precisamente, na Arena Allianz Parque. A foto foi tirada de uma perspectiva da arquibancada (de um ângulo inferior em direção ao cartaz). Neste cartaz está estampada a frase em letras garrafais: “Energia limpa, um trilhão de motivos para lutar #PetroCrime”.
Como toda boa obra de ficção, Aruanas alerta para uma discussão real e emergencial acerca da exploração insustentável dos recursos naturais (Foto: Globoplay)

Gabriel Gomes Santana

Como você reagiria se soubesse que a água usada para abastecer sua casa foi contaminada? É a partir desse revoltante cenário, que a segunda temporada de Aruanas traz mais uma denúncia, de um jeito que só a série mais ativista do Globoplay sabe fazer. Nos novos episódios, a ONG unirá forças para impedir a implementação de uma Medida Provisória responsável por isentar os impostos das maiores empresas de petróleo instaladas no Brasil.

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Nós somos os escolhidos de Jon Batiste

Capa do CD WE ARE, de Jon Batiste. Imagem quadrada e colorida com fundo vermelho. Mostra Jon Batiste, um homem negro, de cabelos curtos e cavanhaque, vestindo um sobretudo vermelho e amerelo. Ele está de pé, olhando para frente. No canto inferior direito, escrito em inglês em uma fonte pequena, lê-se “dedicado aos sonhadores, profetas, contadores de histórias e verdades que se recusam a nos deixar cair totalmente na loucura”
Depois de anos de esnobadas absurdas, a justiça foi feita: com o fascinante projeto WE ARE, Jon Batiste é o 11º artista negro a conquistar o Grammy de Álbum do Ano em 64 anos (Foto: Verve Records)

Enrico Souto

Nem Olivia Rodrigo, nem Billie Eilish, nem Lil Nas X e nem Justin Bieber. A noite de 3 de abril de 2022 foi de Jon Batiste. Nesta nossa realidade bizarra em que o artista mais indicado de uma premiação é considerado azarão, o jazzista de Louisiana embaraçou todas as apostas ao se consagrar como o maior vencedor do Grammy 2022, saindo da cerimônia com 5 dos 11 gramofones que concorria, incluindo o cobiçado Álbum do Ano, categoria mais importante do evento. O trabalho contemplado foi WE ARE, seu aclamado oitavo álbum de estúdio. E, apesar de competir com grandes nomes, não há outra conclusão ao mergulhar no projeto: o prêmio só poderia ser dele.

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