Katy Perry nos lembra como sorrir com Smile

Capa oficial do disco (Foto: Reprodução)

Ettory Jacob

Após 3 anos do seu último álbum de estúdio, Katheryn Elizabeth Hudson, Katy Perry, lançou seu novo projeto: Smile. Na mesma semana que Teenage Dream – maior álbum da carreira da cantora, e que a tornou a única mulher com o título de cinco canções Top 1 na parada americana -, completou uma década, Smile é lançado oficialmente. O disco vem sendo preparado desde 2019 e, junto com a produção, a vida de Katy também mudou, tornando-se mãe de Daisy Dove Bloom, com o ator Orlando Bloom. 

Com doze faixas e até o momento 4 singles trabalhados (clipes e apresentações na televisão) em seu novo álbum, a cantora volta à sonoridade de seus primeiros trabalhos que garantiram sua imensa base de fãs. O disco não é uma grande inovação na indústria da música, mas uma clara evolução na carreira da cantora desde o seu primeiro trabalho, One of the Boys

Após o último disco, Witness, uma série de problemas foram enfrentados tanto na sua vida pessoal quanto pública, e Katy, que vinha sempre criando hits, encontrou seu primeiro álbum tanto mal avaliado pela crítica profissional quanto pelo público, sendo considerado um fracasso. Assim, Smile vem como uma nova história e uma prova de que a carreira de Katy Perry não está no fim: o disco tem sido amplamente trabalhado e divulgado, tornando-se o primeiro álbum visual da cantora. A obra pode ser separada em quatro trios por apresentar músicas de sonoridades próximas ou que transmitem uma mensagem em conjunto.

Imagem do single de Never Really Over, quando Katy ainda não estava grávida (Foto: Reprodução)

O disco é aberto com Never Really Over, abordando a temática de saúde mental e o uso das redes sociais, sendo o primeiro single trabalhado e até o momento aquele que atingiu a maior posição na Billboard Hot 100. A música é muito envolvente e acaba por lembrar canções já consolidadas como Firework. Em seguida, as faixas Cry About It Later e Teary Eyes mantém a sonoridade dançante, mas com uma letra para baixo. Falando sobre a tristeza e mostrando a importância de seguir em frente, as faixas abordam muito a ideia de sentir a dor e superá-la, ideais para colocar a som no máximo e dançar junto. Cry About It Later também recebeu uma animação belíssima logo após seu lançamento e é uma das faixas do álbum mais tocadas no Spotify

O segundo trio muda de sonoridade, tornando-se de um pop dançante para músicas mais emocionantes e com grande carga emocional. As músicas Daisies, Resilient e Not the End of the World abordam superação, evolução e consciência de que, mesmo com dias ruins, a melhor estratégia para o futuro é saber que ele será melhor que hoje. As músicas são cativantes e contam sobre a evolução da cantora em sua carreira, ao mesmo tempo que conversam com o ouvinte em momentos de dificuldade – algo que Katy Perry faz muito bem desde Roar

Daisies foi a música mais divulgada em programas de televisão antes do lançamento do disco. A apresentação belíssima na final do American Idol, onde a cantora é jurada fixa, contou com uma série de efeitos de realidade aumentada e mostrou a versatilidade e o empenho na nova era, além do clipe oficial ser uma versão mais crua comparado as super produções que são habituais nos clipes da cantora. Filmado no próprio quintal de sua casa com uma equipe extremamente reduzida, a obra retrata muito a beleza da gravidez. A animação de Resilient é outro destaque a parte, contendo uma série de easter eggs sobre a carreira de Perry, como uma sacola plástica com a frase “Você já se sentiu como eu?”

Imagem da animação de Smile, onde no final Katy recebe como prêmio sua filha (Foto: Reprodução)

Após lidar com a tristeza e tirar a poeira do tombo, a faixa Smile é responsável pela mudança sonora do disco, e iniciar a terceira parte com um pop chiclete, onde somos apresentados à uma nova Katy grata e feliz. O single recebeu uma das animações mais super produzidas, abordando a ideia de superar os problemas com amor e tirando o melhor de cada situação. Champagne Problems continua o álbum e conta como, após superar os problemas de um desentendimento, a única discussão restante é sobre champanhe, sendo uma das músicas mais divertidas de se ouvir. Além disso, a faixa faz menção a separação de Katy com o atual marido, Orlando Bloom, durante o ano de 2017. Tucked, por fim, acaba sendo a com menos personalidade: apresenta uma letra engraçada, mas não carrega tanta história ou relevância para o álbum.  

Enfim, o álbum termina com Harleys in Hawaii, Only Love e What Makes A Woman. As músicas tornam-se mais lentas e perdem um pouco da super produção sonora, focando na voz da artista e sendo a parte mais intimista do álbum. O maior destaque fica para What Makes A Woman – a música discute as múltiplas faces que uma mulher pode ter e sua independência. Contudo, Harleys in Hawaii também merece atenção tanto pelo clipe e animação, ambos extremamente bem produzidos, e pelo grande impacto na própria fã-base, sendo a música favorita de muitos no álbum.

Smile prova uma evolução e mostra o amadurecimento de Katy Perry com os passar dos anos. Com uma carreira chamada por muitos de temporária ou produzida pela indústria, ela se mantém até hoje como a artista com mais músicas vendidas digitalmente e com uma imensa base de fãs ao redor do mundo. Smile pode não ser o álbum mais bem sucedido lançado em 2020, mas o disco é um trabalho de qualidade e entregue ao público com divulgação e apresentações estonteantes. 

Katy Perry é uma artista completa,  que produziu e divulgou um álbum em plena pandemia e durante a gravidez de sua primeira filha. Assim, Smile é, enfim, um sorriso não tão feliz, mas que carrega uma grande história de superação, autoconhecimento e amor. 

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