Os 35 anos de Karatê Kid II – A Hora da Verdade Continua: a viagem a Okinawa permanece um ícone

Foto retangular de uma cena de Karatê Kid II. Pat Morita e Ralph Macchio estão na foto, próximo a direita. Os dois estão de perfil, sentados. Pat está mais distante da foto. Ele tem 54 anos, é nipo-americano, com poucos cabelos brancos ao redor da cabeça. Ele tem barba e bigode branco. Veste uma regata branca, uma calça bege e um cinto preto. Ele olha para frente e suas mãos se apoiam nos joelhos. Ralph está do seu lado esquerdo. Ele tem 23 anos e cabelos curtos pretos. Ele veste uma camisa xadrez vermelha, de manga comprida, dobradas até o antebraço. Ele olha para frente, seus braços estão apoiados nas pernas, com as mãos cruzadas. O fundo é escuro, com poucos pontos com luz. Vem uma luz amarela de frente para eles, como uma fogueira acesa. 
“Para alguém que não tem piedade, viver é um castigo pior do que morrer” (Foto: Sony Pictures)

Júlia Paes de Arruda

Que a história de Karatê Kid é um marco da cultura dos anos 80, ninguém tem como negar. Dois anos depois do sucesso do primeiro filme, John G. Avildsen lança a continuação da aventura de Daniel LaRusso e seu sensei Miyagi, com um toque mais íntimo e mais carismático. Completando 35 anos, Karatê Kid II – A Hora da Verdade Continua é uma referência para muitos adolescentes e, particularmente, o mais especial de toda a série. 

O filme de 1986 começa retomando os acontecimentos do seu antecessor, desde o encontro de Daniel (Ralph Macchio) e Miyagi (Pat Morita) até o torneio de karatê em que o jovem derrotou Johnny (William Zabka) com o famoso golpe da garça. A nova produção também incluiu cenas descartadas da obra de 1984, mostrando o pós-campeonato em que Kreese (Martin Kove) se revolta com a vitória de LaRusso. Seis meses depois da competição, senhor Miyagi recebe uma carta sobre o estado de saúde de seu pai. Preocupado, arruma as malas para uma viagem à Okinawa. Daniel, tentando fugir de uma mudança para Fresno, o acompanha em busca de histórias sobre seu sensei e da aldeia em que vivia. 

Foto retangular de uma cena de Karatê Kid. Ralph Macchio e Pat Morita estão de perfil, de frente um com o outro, no centro. Ralph está do lado esquerdo, da barriga para cima. Ele tem 23 anos e cabelos curtos pretos. Ele usa uma faixa branca com pontos azuis marinhos na testa e uma blusa xadrez branca e azul. Ele olha para Pat, dos ombros para cima. Ele tem 54 anos, é nipo-americano, com poucos cabelos brancos ao redor da cabeça. Ele tem barba e bigode branco. Veste uma camisa bege, de manga erguida até o antebraço. Sua mão direita está levantada, com os dedos estendidos. Ao fundo, atrás de Ralph, tem a traseira de um Ford Super Deluxe 1947 amarelo. Mais atrás, tem uma cerca de madeira com um tanque amarelo cilíndrico apoiado na cerca. Atrás da cerca, é possível ver topos de árvores verdes. 
“Regra número 1: karatê só para a defesa. Regra número 2: primeiro, aprenda a regra número 1” (Foto: Sony Pictures)

Dessa vez, Karatê Kid II deixa um pouco de lado a relação de mestre-aluno e demonstra o lado pai e filho do relacionamento de Daniel e Miyagi. Abrindo sua intimidade, o sensei conta seus motivos de ter deixado Okinawa, acusado injustamente de ofender a honra de seu melhor amigo Sato (Danny Kamekona). Além disso, detalhes sobre sua infância na comunidade e sua ancestralidade são revelados, bem como a apresentação do grande amor da juventude, Yukie (Nobu McCarthy). 

A vida de LaRusso se torna segundo plano, mais como um complemento dos acontecimentos em Okinawa. A luta marcial ainda se faz presente já que, historicamente, a ilha foi o berço do karatê. Porém, os golpes acabam se tornando coadjuvantes. Permanecendo na jornada do herói, Miyagi continua a utilizar métodos lúdicos como bases para práticas de combate. Fora as estratégias de enceramento de carro e de pintura de cerca, é adicionado a técnica do tambor, o segredo de todo karatê Miyagi-doo. O den-den daiko é tradicionalmente japonês, muito usado em cerimônias religiosas e como brinquedo para as crianças. Assim como no primeiro filme, é o ataque vital para a vitória do garoto de Nova Jersey numa nova disputa. 

Daniel agora vive um amor de verão com Kumiko (Tamlyn Tomita), sobrinha de Yukie. De maneira muito inocente e espontânea, a conexão dos dois é tão inevitável que até mesmo uma cerimônia de chá foi realizada. Para compor ainda mais o romantismo das cenas, músicas calmas, fortemente associadas a rituais japoneses, conduzem uma carga teatral. Aliás, é impossível deixar de citar a obra prima que Peter Cetera compôs especialmente para, no original, The Karate Kid Part II. Um dos fundadores da banda Chicago, conhecida pelas letras poéticas, canta Glory of Love com emoção, essencial para desabrochar todo esse sentimento apaixonante. 

Recentemente, Karatê Kid voltou à moda com a chegada de Cobra Kai. A série, originalmente lançada pelo YouTube e posteriormente comprada pela Netflix, narra os fatos na visão de Johnny depois de mais de 30 anos dos acontecimentos do primeiro filme. A sensação nostálgica é fatal, carregada de easter-eggs e lembranças implacáveis para os mais aficionados. Contudo, é na sua terceira temporada que os eventos do segundo filme se chocam com o universo atual. 

No seriado, Daniel embarca a uma moderna Okinawa em busca de certa paz, e, quem sabe, respostas para seus sufocos. Lá, ele reencontra Kumiko, agora uma bailarina viajada e consagrada na carreira. Inclusive, é com ela que a memória de Pat Morita, falecido em 2005, se torna tocante. Lendo cartas que Miyagi havia enviado a Yukie, Daniel se emociona com as palavras de seu querido sensei, como se elas nunca tivessem sido desgastadas. É quase uma sensação de onipresença e o próprio público consegue sentir essa experiência, uma homenagem mais que comovente. 

Além de Kumiko, LaRusso reencontra o vilão de Karatê Kid II, Chozen (Yuji Okumoto). Violento, playboy e ignorante, o rapaz se acha o dono da razão por causa da herança de sua família. Já em 2021, ele parece ter deixado para trás o passado entre os caratecas, mesmo com uma pitada de rancor pairando no ar. Diferentemente do primeiro contato, Daniel aprende lições valiosas com o colega, imprescindíveis para sua volta aos Estados Unidos. 

Foto retangular de uma cena de Karatê Kid II. Ralph está do lado direito da foto, dos ombros pra cima. Ele tem 23 anos e cabelos curtos pretos. Ele veste uma camisa azul marinho com listras brancas finas. Ele segura com mão direita, um den-den daiko bege, balançando de um lado pro outro. Ele tem duas cabeças e é suspenso em uma haste, com bolinhas penduradas em fios de cada lado do corpo do tambor. O fundo está desfocado, mas tem uma casa de madeira no lado esquerdo. 
“A mentira se torna verdade só se alguém quiser acreditar” (Foto: Sony Pictures)

Envolvente e apaixonante, Karatê Kid II – A Hora da Verdade Continua é o ápice da série Karatê Kid. Sendo o maior sucesso da franquia, mantém o frescor do primeiro filme, mas se torna infinitamente melhor que o terceiro. De volta às suas raízes, conseguimos destrinchar a personalidade de Miyagi e o quanto ela é primordial para estabelecer a face de Daniel LaRusso. Mesmo com sequências divertidas que nem todo mundo gosta e outras nem tão fiéis, a segunda parte continua a ser um ícone independentemente de 35 anos terem se passado. 

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