High School Musical: The Musical: The Series não soube criar um bom enredo sem a base da trilogia

Imagem da série High School Musical: The Musical: The Series. Na imagem, podemos ver, apoiados sobre um piano preto, da esquerda para direita, um homem branco de cabelos pretos usado uma blusa listrada azul e preta; uma mulher negra, de cabelos pretos, usando uma blusa listrada preta e branca e uma jaqueta verde; uma mulher negra, de cabelos castanhos, usando uma camisa amarela e uma jardineira vinho por cima; um homem branco, de cabelos pretos, usando uma camisa verde, azul e bege; um homem branco, de cabelos ruivos, usando um moletom verde escuro; um homem negro, de cabelos pretos, usando uma blusa preta e vermelha; uma mulher branca, de cabelos ruivos, usando uma blusa laranja com uma jaqueta quadriculada cinza por cima; uma mulher branca, loira, usando um vestido cinza, sob uma camiseta branca; um homem branco, loiro, usando uma camisa xadrez verde, sentando de frente ao piano, tocando ele; e por fim, uma mulher branca, de cabelos loiros, usando uma camisa bege e azul e calças azul, saltos finos pretos, no canto direito da imagem. O fundo é uma cortina de teatro azul e um espelho que a reflete.
Com o sucesso do drama entre Olivia Rodrigo e Joshua Bassett fora das câmeras, as expectativas para o novo ano de HSMTMTS eram tremendas (Foto: Disney+)

Larissa Vieira

Janeiro de 2021, drivers license, Olivia Rodrigo e Joshua Bassett. Os nomes até podem ter soado novos para o mundo da Música, mas, para os fãs de High School Musical ou para os nostálgicos do Disney Channel, eles já tinham marcado presença muito antes. Em 2019, o Disney+, ainda nem lançado no Brasil, começou a era dos reboots e revivals trazendo de volta sua clássica trilogia, com rostos novos. 

E claro que, logo de cara, esses rostos – não só os protagonistas – agradaram aqueles que ainda tem um apego emocional à trama, e souberam deixar para trás as histórias do passado (e Zac Efron). Quem lidou com isso, e aproveitou o draminha romântico da primeira temporada, criou ainda mais expectativas quando o casal principal, Nini (Olivia Rodrigo) e Ricky (Joshua Bassett), saiu da tela do streaming para viver uma montanha-russa de emoções aqui fora.

Dessa forma, e com a chegada do Disney+ em mais países pelo mundo e a agoniante espera por SOUR, em 14 de maio foi lançada a 2ª temporada de High School Musical: The Musical: The Series. Na ideia de não mais recriar a trama que deu nome a série, mas sim produzir um novo musical, o East High embarcou em uma aventura que, no futuro (alerta spoiler), se tornaria nossa maior decepção. 

Imagem da série High School Musical: The Musical: The Series. Na montagem, de cima para baixo, da esquerda para a direita, uma mulher negra, de cabelos pretos cacheados, segura um óculos pretos em seu rosto, ao lado de um homem branco, de cabelos pretos, usando uma camiseta branca e casaco preto, ao lado de uma mulher negra, de cabelos castanhos cacheados, usando uma camiseta rosa e segurando um troféu dourado. Abaixo deles, também da esquerda para a direita, um homem negro, de cabelos pretos, usando uma camisa floral rosa segurando um megafone em frente à sua boca, um homem branco, loiro, usando uma camiseta branca e um casaco marrom, uma mulher branca, também loira, usando uma camiseta roxa e um homem negro, usando camiseta amarela com um casaco azul, por cima. Em baixo, na última fileira, da esquerda para a direita, um homem branco, de cabelos pretos, usando uma jaqueta bege, aponta com a mão esquerda para o dedão de espuma vermelho que está em sua mão direita; à seu lado, uma mulher branca, de cabelos pretos, usa uma blusa azul clara, um homem branco, de cabelos ruivos, usa também uma camisa azul clara; por fim, uma mulher branca, de cabelos ruivos, usa uma camisa rosa clara e segura com sua mão esquerda um microfone preto. O fundo, é preenchido com desenhos de notas musicais, sobre um tom vermelho, e ao topo um prédio bege de uma escola.
Em um novo ano, a produção do Disney+ decidiu não se pendurar na trama de High School Musical e acabou pecando (Foto: Disney+)

Na nova temporada, em uma disputa criada pela Senhorita Jenn (Kate Reinders) e seu antigo inimigo de teatro, Zack (Derek Hough), os jovens do East High se propõem ao desafio de não só interpretar o clássico A Bela e a Fera, mas também ir à batalha em uma competição contra a turma do North High. A temporada, então, caminha por seus 12 (ou podemos dizer 11) episódios ao redor das dificuldades do mundo teatral, principiante para criar tremenda obra. Em paralelo, somos apresentados, claro, ao drama do relacionamento de Nini e Ricky, que, inicialmente, estão juntos mas à distância, e por isso funciona.

O drama, de fato, começa quando Nini retorna à escola e, agora efetivamente, mais uma vez, eles entendem que não dão certo como um casal, independente do amor que sentem. O destaque da temporada, para os protagonistas, são as composições, que, apesar de Ricky não gostar, encantam e provam, por mais um ano, o motivo do sucesso de Olivia e Joshua. The Rose Song, composição que daria o papel no musical para Nini, traz a filosófica metáfora da Rosa encapsulada pelo vidro da Fera, que serviu para ambos perceberem (talvez até fora das câmeras) o porquê não deviam estar juntos. 

O mesmo vale para a letra de Let You Go, que mostra o valentão libertando a rosa que aprisionou por anos. Não só bem composta, a interpretação é o destaque do cantor de Lie Lie Lie na temporada, que, na maioria das vezes, – com ênfase no episódio do Spring Break, em que ele dá a vida à composição – se tornou chato e incompreensível, traços que ele já demonstrava na primeira, mas floresceram neste ano. De resto, o personagem foi irrelevante, principalmente durante seus momentos de destaque no teatro como o protagonista, e deixou a desejar ao mostrar o espírito de equipe que reina na trama e no grupo de alunos.

Imagem da série High School Musical: The Musical: The Series. Na imagem, podemos ver uma mulher branca de cabelos pretos usando um sueter amarelo e calças jeans, sentada ao chão olhando para um homem branco, de cabelos pretos, que usa uma blusa moletom preta e calças jeans, também sentado ao chão, tocando um violão marrom. Ao fundo deles, podemos ver um sofá em que ele está encostado, uma lareira, uma estante, uma caixa branca e uma árvore de natal com pisca-piscas ligados.
Era óbvio que Nini e Ricky e Olivia e Joshua não nasceram para ficar juntos, mas precisávamos provar mais uma vez o gostinho de todo esse desastre amoroso (Foto: Disney+)

Falando no grupo de alunos, é para eles que devemos dar visibilidade. Em um universo que o drama dos protagonistas reinava aqui fora, os “coadjuvantes” – Gina (Sofia Wylie), Ashlyn (Julia Lester), Carlos (Frankie Rodriguez), Big Red (Larry Saperstein), Seb (Joe Serafini) e até mesmo E.J. (Matt Cornett) – foram os que verdadeiramente tornaram a trama interessante e mostraram que não só Troy e Gabriella fizeram High School Musical. O maior realce é para o primeiro casal gay da história da Disney, que protagonizou não só seu primeiro beijo, mas fez história com a primeira música LGBTQIA+ da emissora. In A Heartbeat é uma das canções mais emocionantes da temporada e, brilhantemente, finalizou o ciclo do casal (que também levou não o drama, mas sim o amor para fora das câmeras). 

Além de Carlos e Seb, o outro casal destaque é a intérprete de Wondering e Big Red, que pode até receber o selo de romance cômico da história, mas entre os pares, eles podem ser considerados os mais saudáveis. A química dos dois é imbatível e torna gostoso assistir um namoro adolescente real e sem muitos clichês e grandiosidades de casais de filmes. Além disso, com sua voz brilhante, Ashlyn ainda garantiu o papel de Bela no musical da produção, e, mais uma vez, provou que sua trama coadjuvante é o que a torna única e especial para a narrativa. 

Por fim, tivemos os personagens que mais surpreenderam no quesito desenvolvimento. Com uma temporada arrastada e mal finalizada, Gina e E.J. foram os únicos que pudemos ver um crescimento de fato. Não por conta da desconstrução de antagonistas, mas por seus dramas pessoais, muito bem executados pelos atores. Os dois, de longe, trilharam o melhor caminho desse novo ano e, de maneira totalmente errada do roteiro, tiveram um final cru e desnecessário para uma produção de 2021.

Imagem da série High School Musical: The Musical: The Series. Na imagem, podemos ver, da esquerda para a direita, uma mulher branca, de cabelos pretos, ajoelhada sobre seus pés,usando uma camiseta listrada, calças jeans e uma jaqueta preta; atrás dela, um homem branco, de cabelos pretos, em pé, usando uma blusa vinho e calças jeans ao lado de um homem branco, de cabelos ruivos, usando um suéter quadriculado azul, amarelo, verde e vinho, com calças marrons. Ao meio, temos uma mulher negra de cabelos pretos presos ao alto, usando uma blusa quadriculada roxa com calças pretas, também ajoelhada a seus pés. Mais uma vez, em pé atrás dela, está outra mulher negra, de cabelos castanhos, usando uma blusa tie dye colorida, com fundo azul e calças jeans, ao lado de uma mulher branca, de cabelos pretos, usando uma blusa quadriculada preta e saias rosas, também em pé. Por fim, no canto direito da imagem, estão um homem branco de cabelos loiros, usando uma camisa de manga comprida azul, agachado sobre seus pés, ao lado de uma mulher branca, ruiva, também agachada, usando uma jaqueta rosa e azul, com calças quadriculadas azul e amarela. O fundo é de um cenário teatral representando um castelo medieval, o chão é preto e reflete os atores e o papel que eles analisam, posto sobre o chão.
Os verdadeiros protagonistas, por mais um ano, não foram valorizados pela Disney e nem mesmo pelo espectador, que só queria se pendurar em Olivia Rodrigo (Foto: Disney+)

Mas, não só pela falta de protagonismo de Nini e Ricky e de espaço para os coadjuvantes, HSMTMTS pecou, ainda mais, pela quantidade de laços inacabados ou até mesmo mal criados durante a temporada. São vários aspectos a considerar, como o relacionamento entre Courtney (Dara Reneé) e seu namorado antagonista, Howie (Roman Banks), mas, principalmente, o papel de Nini como garfo na peça e não como a Rosa.

Uma das maiores expectativas, e a melhor trama da temporada, simplesmente não foram explicadas, fazendo com que a grande canção, 2 episódios de drama depois, fosse deixada de lado, perdendo toda sua representatividade. Isso sem comentar a desistência, nos últimos 3 minutos corridos, da grande competição que criou toda a narrativa, abrindo o buraco para o final aberto e mal feito que foi entregue.

Nesse ano, então, culpe a pandemia ou quem seja, mas o roteiro de Tim Federle, que fez um ótimo trabalho na primeira temporada, deixou a desejar. Tudo já estava indo de mal a pior, até o último episódio, Segundas Chances, que se tornou ainda mais frustrante. Podemos dizer que a ‘fama’ subiu a cabeça da produção, mas a verdade é que parece que não souberam criar uma história sem a base High School Musical

O final aberto deixa claro que o futuro da agora estrela mundial Olivia Rodrigo é incerto na série, como dito pelo showrunner, que não sabe sobre a existência de uma terceira temporada. Além disso, é ainda mais decepcionante pensar que eles possivelmente desistam de um futuro caminho para a produção pelo não retorno dos protagonistas, enquanto os coadjuvantes que fizeram a série neste ano e mereciam cada vez mais reconhecimento. 

A segunda temporada de High School Musical: The Musical: The Series, então, frustra, em todos os sentidos. Os espectadores se divertiram mais ao caçar algum tipo de farpa entre Olivia e Joshua durante os episódios e surtar quando o personagem cita ‘deja vu’, e não, de fato, aproveitar o tão esperado desenvolvimento do casal depois do final romântico da primeira parte. E, para aqueles realmente fãs, por mais um ano apreciaram, como a Disney não faz, o talento do elenco encantador que preenche o coração dos nostálgicos do Disney Channel

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