Como o Twenty One Pilots salvou o Lollapalooza Brasil 2019

Twenty One Pilots volta ao Brasil após três anos. (Foto: Rafaela Martuscelli)

Rafaela Martuscelli

Tudo bem, eu sei que houve outros shows tão bons quanto o deles. Alguns podem até ter sido melhor. E eu também sei que sou suspeita a falar, já que essa é uma das minhas bandas favoritas. Mas como acredito que festival não está passando por uma de suas melhores épocas, vou tentar convencê-los através de fatos, fotos e relatos de que aquela noite foi memorável e um dos maiores responsáveis foram o Twenty One Pilots.

Como em todo show da banda norte-americana Twenty One Pilots, a apresentação no Lollapalooza Brasil 2019, que aconteceu no dia 7 de abril, começou com um tom de mistério. Desde o início da banda, os integrantes Tyler Joseph, vocalista e multi-instrumentista, e Josh Dun, o baterista, sobem ao palco mascarados e logo já puxam a música que inicia o show.

Apesar de manterem o mistério das máscaras, o duo trouxe um diferencial. Mascarado e com uma tocha em fogo na mão, entrou o primeiro integrante. Logo em seguida, entrou o vocalista, que puxou o público com o primeiro single do recém-lançado álbum Trench, “Jumpsuit”. De imediato o público cantou mais alto que Tyler, tornando sua voz inaudível, mesmo com microfone.

A tradição de subir ao palco usando máscaras: à esquerda, Blurryface Tour; à direita, Bandito Tour. (Foto: Reprodução)

Na primeira vez que estiveram no Brasil, em 2016, a banda se apresentou na parte da tarde para um público que surpreendeu, já que encheu consideravelmente o palco principal levando em consideração o horário e o gênero musical do Twenty One Pilots, que não é definido nem pelos seus próprios integrantes. Desde aquela data já era possível prever o sucesso que a banda estava fazendo e tudo o que conquistaria.

E isso se tornou claramente visível neste ano, em que a banda se apresentou como headliner no último dia de festival, já ao anoitecer. Uma multidão vestida de preto e amarelo, as cores da nova era, tomou conta do espaço do palco Ônix, e ocupou uma área tão grande que era quase impossível enxergar aonde que começava e onde acabava.

A multidão era incrivelmente heterogênea. Ao meu redor, eu vi de tudo: um pai com sua filha tão pequena que mal enxergava o palco; um casal, que se abraçava chorando e gritando a letra de todas as músicas; um grupo de quatro amigos bêbados que gritavam “ESSE É O MELHOR SHOW DO MUNDO!” a cada cinco minutos; e claro, amigos, que juntos esperaram a banda por horas – como foi o meu caso.

A plateia infinita que acompanhou o show. (Foto: Tiago Queiroz/Estadão)

As mudanças no show não foram somente quanto ao período do dia em que ele aconteceu ou na quantidade de pessoas que compareceram. Os meninos que estavam tímidos em 2016 foram substituídos por um duo confiante com o seu trabalho, que apresentou um show completo em todos os sentidos.

A setlist foi composta majoritariamente por músicas do novo álbum: de 15 músicas, 8 eram novidades para o público. No entanto, desde as mais antigas como “Holding Onto You”, “Trees” e “Car Radio”, até as mais atuais como “Nico and The Niners”, “Chlorine” e “My Blood”, todas foram cantadas pelos fãs com a mesma energia e entonação. Todas pareciam estar na ponta da língua de toda aquela multidão há muito tempo.

Um show impecável, onde tudo o que acontecia parecia ser muito bem pensado. O início, com a tocha em flamas junto com uma carcaça de um carro anteriormente posicionada no palco, que também pegava fogo assim que a música começava. As imagens do telão seguiam o ritmo das músicas, assim como a luz do palco. Não se pôde notar um erro de enquadramento das câmeras. Haviam efeitos específicos para cada música, que misturavam cores e elementos de cada álbum.

A conexão com os fãs era outra coisa para se admirar. O carinho para com os fãs sempre foi algo que Tyler e Josh se preocuparam em demonstrar. Desde sempre buscam a interação com o público, e aquele domingo foi a prova. Eles puxaram o coro para algumas músicas, incentivaram a galera a levar os braços de um lado para o outro, e também a abraçar o colega ao lado para pular nesta mesma direção. Andaram pelo meio dos fãs. Subiram em cima dos fãs, enquanto seguravam suas mãos. E terminaram o show, como sempre, lembrando: “we are Twenty One Pilots and so are you!” – “nós somos o Twenty One Pilots e você também!”. E o melhor é que realmente nos sentíamos parte da banda.

(Foto: Reprodução)

Em entrevista com a Radio Rock 89.1FM, Tyler Joseph diz que a maior preocupação deles é que seus shows não sejam entediantes, como a maioria dos shows de outros artistas são. Pelo que pude ver, eles realmente conseguiram transformar seus shows em belíssimos espetáculos sem fazer muito esforço, apenas apresentando ao público quem eles realmente são.

Um comentário em “Como o Twenty One Pilots salvou o Lollapalooza Brasil 2019”

  1. Afirmo com toda certeza que há em mim, já fui pra shows, internacionais e nacionais e esse foi simplesmente o MELHOW SHOW DA MINHA VIDA!!!! Dificilmente outro show será tão perfeito quanto esse! Me senti realmente parte da banda, principalmente quando o Tyler resolve tocar bem em cima de mim. Jamais esquecerei esse momento!!

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