Identidade: quanto vale o pertencimento?

Cena do filme Identidade. Na imagem aparecem os rostos das personagens Irene Redfield, interpretada por Tessa Thompson, e ao seu lado Clare Bellew, interpretada por Ruth Negga. A fotografia é em preto e branco e as duas estão de perfil, Irene usa um chapéu com tons escuros e Clare usa um com cores claras, ao fundo a comunidade do Harlem aparece embaçada.
Identidade foi lançado pela Netflix em 2021 e marca a estreia de Rebecca Hall como diretora (Foto: Netflix)

Jamily Rigonatto 

Em uma sociedade que precifica os seres humanos e os valoriza de forma desigual, vale a pena vender sua própria veracidade por dignidade plastificada? Caso esse não seja o principal questionamento inspirado por Passing – traduzido no Brasil como Identidade – com certeza é um de seus pilares. O longa-metragem lançado em novembro de 2021 na Netflix é um retrato delicado do quanto a sua própria pele pode ser sufocante em uma sociedade estruturada pelo racismo. O filme é a adaptação audiovisual do livro de mesmo nome escrito por Nella Larsen, e é também o trabalho de estreia da atriz Rebecca Hall como diretora.

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O Amor de Sylvie e as histórias que não foram contadas

 Cena do filme O Amor de Sylvie. A foto mostra uma mulher e um homem jovens e negros, em pé de frente um para o outro com os corpos próximos e com as mãos juntas, no meio de uma rua à noite com vários carros estacionados próximos da calçada. Eles vestem roupas da década de 50.
O Amor de Sylvie é uma das duas apostas da Amazon, ao lado de Tio Frank, para a categoria de Melhor Telefilme no Emmy 2021 (Foto: Amazon Prime Video)

João Batista Signorelli

Quando o assunto é romance, os anos 50 e 60 estão cheios de clássicas histórias de amor, dos melodramas de Douglas Sirk, à comédia romântica de Bonequinha de Luxo. Caso tivesse sido lançado há 60 anos atrás, O Amor de Sylvie facilmente poderia se disfarçar em meio a esse cânone, não fosse um diferencial importante: o casal principal é formado por atores negros, algo simplesmente inexistente na filmografia hollywoodiana da época. Mas a atenção para vivências não contadas do passado é apenas um dos méritos de O Amor de Sylvie: uma história de amor tecnicamente impecável e com uma atmosfera deliciosamente nostálgica. 

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A Dama e o Vagabundo segue a sina de A Bela e a Fera

Com poucas mudanças em relação ao filme original, o remake ainda possui tempero o bastante para cativar o público (Foto: Reprodução)

Maju Rosa

Quem é que não gosta de um amor clichê? Acompanhar em duas horas o desenvolvimento de desconhecidos que se tornam amigos e se apaixonam é uma reconfortante dose de fuga da realidade. Narrativas românticas são um coringa em qualquer obra, ela pode ser protagonista ou secundária, mas sempre conquistará seguidores que depositam suas esperanças para que o final feliz aconteça. E está enganado quem acredita que a trajetória cativante acontece apenas no universo humano! A Dama e o Vagabundo, que foi originalmente lançado pela Disney em 1955 e transformado em live action ano passado, já retratava o amor inesperado… Entre cães.

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Thor: entre tropeços e vitórias

Chris Hemsworth vive o Deus do Trovão nos cinemas (Foto: Marvel)

Vitor Evangelista

Ciência e magia derivam do mesmo significado. O mago e o sábio andam lado a lado. Em 2011, a Marvel lançou a trilogia de Thor, o Deus do Trovão, e se baseou muito nessa dualidade. Com um tom não-linear e má recepção da crítica e da audiência, o Vingador bambeou e quase caiu, mas agora está pronto para enfrentar Thanos, com ou sem martelo.

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Aniquilação e o papel do “eu” num mundo repleto de cópias

Dirigido por Alex Garland, ficção científica traz Natalie Portman comandando um elenco de respeito (Foto: Netflix)

Vitor Evangelista

A fusão entre ficção científica e filosofia está presente na Sétima Arte desde muito antes dos filmes de Stanley Kubrick ou James Cameron. A maneira como essa arte apresenta aspectos íntimos do ser humano e os debate em ambientes místicos e distantes da realidade vivida pelo homem ecoa na mente do espectador, brindando a ele obras-primas e filmes com muito significado a ser discutido.

Aniquilação, distribuído pela Netflix, dirigido por Alex Garland e protagonizado por Natalie Portman, faz jus ao gênero cientifico-filosófico ao narrar a história de um grupo de cientistas que partem numa missão secreta. Essa que acaba por culminar num território vivo que desafia as leis de natureza e oferece perigos ao mundo.

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