Chucky: sátira à sociedade americana e exaltação do terror queer dominam

Cena da série Chucky. Na imagem há um garoto, Jake, vestido com uma moletom em tom de preto manchado com branco, vestindo uma jaqueta de moletom acinzentada por cima. Em suas costas ele carrega uma mochila preta e atrás dele há a imagem de um corredor desfocado com um garoto branco, loiro, vestindo azul ao seu canto direito. Jake tem uma expressão triste. Ele é um adolescente branco, de cabelos encaracolados e médios. Ele carrega consigo um boneco de cabelos ruivos, olhos azuis, que veste uma blusa listrada em tons de vermelho e azul e veste um macacão jeans, o brinquedo Chucky.
O boneco que foi o pesadelo de uma geração volta em sua melhor versão na série presente no catálogo do Syfy (Foto: Syfy)

Ma Ferreira

Em 1988, surgia um novo ícone do Cinema de Terror, uma figura dócil, mas, ao mesmo tempo, demoníaca: Chucky, o brinquedo assassino. Aterrorizando sonhos de muitas crianças dos anos 1990, o boneco entrou para o rol dos psicopatas da cultura pop e ganhou uma franquia de oito longas, um curta-metragem e, atualmente, uma série, que já está renovada e sua segunda temporada sai este ano. A história original de Don Mancini foi ressuscitada e aprofundada no seriado Chucky, voltando às origens do assassino Charles Lee Ray, mostrando sua trajetória até o que se tornou e seus atuais planos.

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A segunda temporada de Aruanas pergunta: quem se beneficia com a devastação?

A foto mostra um grande cartaz amarelo pendurado na cobertura de um estádio de futebol, mais precisamente, na Arena Allianz Parque. A foto foi tirada de uma perspectiva da arquibancada (de um ângulo inferior em direção ao cartaz). Neste cartaz está estampada a frase em letras garrafais: “Energia limpa, um trilhão de motivos para lutar #PetroCrime”.
Como toda boa obra de ficção, Aruanas alerta para uma discussão real e emergencial acerca da exploração insustentável dos recursos naturais (Foto: Globoplay)

Gabriel Gomes Santana

Como você reagiria se soubesse que a água usada para abastecer sua casa foi contaminada? É a partir desse revoltante cenário, que a segunda temporada de Aruanas traz mais uma denúncia, de um jeito que só a série mais ativista do Globoplay sabe fazer. Nos novos episódios, a ONG unirá forças para impedir a implementação de uma Medida Provisória responsável por isentar os impostos das maiores empresas de petróleo instaladas no Brasil.

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20 anos de A Sociedade do Anel: lá e de volta outra vez

Cena do filme O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel. Um plano médio captura os  nove membros da Sociedade do Anel. Da esquerda para a direita, Aragorn (Viggo Mortensen), Gandalf (Sir Ian McKellen), Legolas (Orlando Bloom), Boromir (Sean Bean) e, na frente deles, Sam (Sean Astin), Frodo (Elijah Wood), Merry (Dominic Monaghan), Pippin (Billy Boyd) e Gimli (John Rhys-Davies). Aragorn é um homem caucasiano, magro, de cabelos castanhos-escuros e longos e uma barba rala, usando uma túnica cinza escura. Gandalf, um mago caucasiano e magro, possui cabelos e barba longos e grisalhos e um robe cinzento, segurando um cajado de madeira com sua mão direita. Legolas é um elfo caucasiano, magro, de orelhas pontudas e cabelos longos e loiros, usando uma túnica prateada. Boromir é um homem caucasiano, magro, de cabelos ruivos e longos, usando um colete preto por cima de uma túnica vermelha com detalhes em dourado. Os quatro hobbits, com cerca de metade da estatura deles, estão na frente de Gandalf e Legolas: Sam, magro e caucasiano, de cabelos loiros encaracolados, usando uma blusa cinza por cima de uma camisa branca; Frodo, magro e caucasiano, de cabelos pretos encaracolados, usando um colete rubro por cima de um paletó marrom; Merry, magro e caucasiano, de cabelos loiros encaracolados, usando um colete amarelo por baixo de um paletó verde e Pippin, também magro e caucasiano, de cabelos castanhos encaracolados, usando uma camisa branca por cima de um paletó verde. Na frente de Boromir, Gimli, um anão de barba e cabelos longos e ruivos, usando uma túnica vermelha por cima de malha de ferro, segurando o topo de seu machado com as duas mãos. Atrás de Gandalf e Boromir, podemos ver outros membros do Conselho, um elfo e um homem, ambos caucasianos. Folhagem verde preenche o fundo da tela, que é iluminada de amarelo pela luz do Sol. Todos os membros da Sociedade olham para a esquerda da tela, virados de frente.
“Nove companheiros…” (Foto: New Line Cinema)

Gabriel Oliveira F. Arruda

É muito difícil imaginar o que seria do Cinema, especialmente o gênero de fantasia blockbuster, quase sempre pautado em emoção e espetáculo, sem O Senhor dos Anéis. A trilogia de adaptações comandadas por Peter Jackson e produzidas pela New Line Cinema foi um dos maiores gambitos da história da Sétima Arte, custando quase 300 milhões de dólares e 8 anos de produção, criando uma nova cultura de turismo na Nova Zelândia e assomando juntos dezessete estatuetas no Oscar. Baseados no épico de J.R.R. Tolkien, – por muito dado como inadaptável – os filmes deram nova vida à fantasia e inspiraram uma geração de cineastas a desafiarem os limites técnicos de suas obras.

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Red: Crescer é uma Fera é uma viagem de volta à época dos tamagotchis e da nostalgia dos anos 2000

Cena do filme “Turning Red'', na imagem a protagonista Meilin Lee faz uma careta divertida, mostrando a língua e piscando um dos olhos, ela é interpretada por Rosalie Chiang. Meilin tem a pele branca, seus cabelos pretos, curtos e lisos, e estão com duas presilhas, seus olhos são alaranjados; Ela veste um cardigan vermelho de lã e usa um óculos de armações finas e prateadas. Ao fundo um céu azul com nuvens brancas e prédios.
Vermelho e boy bands invadiram a sua tela? Esse é Red: Crescer é uma Fera (Foto: Pixar Animation Studios)

Thuani Barbosa

Se você está procurando algo fofo e divertido, mas que tenha sua pitada de realidade e lição de vida, Red: Crescer é uma Fera é o filme certo. Mantendo uma estética focada nos anos 2000, a era dos tamagotchis e boy bands, a animação esbanja fofura, musicalidade e tradição. Lançado em março de 2022, o longa animado faz parte do conjunto de produções da Pixar com a Disney, assim como Luca, Soul e Viva: A Vida é uma Festa. 

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Nós somos os escolhidos de Jon Batiste

Capa do CD WE ARE, de Jon Batiste. Imagem quadrada e colorida com fundo vermelho. Mostra Jon Batiste, um homem negro, de cabelos curtos e cavanhaque, vestindo um sobretudo vermelho e amerelo. Ele está de pé, olhando para frente. No canto inferior direito, escrito em inglês em uma fonte pequena, lê-se “dedicado aos sonhadores, profetas, contadores de histórias e verdades que se recusam a nos deixar cair totalmente na loucura”
Depois de anos de esnobadas absurdas, a justiça foi feita: com o fascinante projeto WE ARE, Jon Batiste é o 11º artista negro a conquistar o Grammy de Álbum do Ano em 64 anos (Foto: Verve Records)

Enrico Souto

Nem Olivia Rodrigo, nem Billie Eilish, nem Lil Nas X e nem Justin Bieber. A noite de 3 de abril de 2022 foi de Jon Batiste. Nesta nossa realidade bizarra em que o artista mais indicado de uma premiação é considerado azarão, o jazzista de Louisiana embaraçou todas as apostas ao se consagrar como o maior vencedor do Grammy 2022, saindo da cerimônia com 5 dos 11 gramofones que concorria, incluindo o cobiçado Álbum do Ano, categoria mais importante do evento. O trabalho contemplado foi WE ARE, seu aclamado oitavo álbum de estúdio. E, apesar de competir com grandes nomes, não há outra conclusão ao mergulhar no projeto: o prêmio só poderia ser dele.

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10 anos atrás, Os Vingadores se uniam para mudar o Cinema

Cena do filme Os Vingadores. Há cinco pessoas na imagem. Da esquerda para a direita aparece Viúva Negra, uma mulher branca de cabelo curto e ruivo e olhos verdes, ela usa um macacão preto e segura uma pistola com as duas mãos. Ao lado tem Thor, um homem branco, de cabelo loiro e longo e olhos verdes, ele usa uma armadura cinza com uma capa vermelha, em sua mão direita ele tem um martelo grande. Do lado e a frente da imagem aparece Capitão América, um homem branco de cabelo curto e loiro com olhos verdes, ele usa um collant azul e branco, na região da barriga há diversas listras vermelhas e brancas verticais, e no peitoral tem um estrela branca, ele carrega na mão direita um escudo redondo listrado de vermelho e branco, e no centro dele tem uma estrela branca com fundo azul. Atrás dele tem Gavião Arqueiro, um homem branco, de cabelo curto e castanho e olhos castanhos, ele usa um macacão preto e uma aljava de flechas nas costas. Hulk aparece do seu lado, um homem muito alto e gigante, ele é verde e cabelos pretos, ele usa apenas um shorts roxo. Por fim, aparece o Homem de Ferro, ele usa uma armadura metálica vermelha e dourada que cobre todo o corpo. Todos olham para cima. O fundo são prédios destruídos.
Dirigida por Joss Whedon, a épica reunião dos heróis da Marvel Studios completa 10 anos em 2022 (Foto: Marvel Studios)

Nathan Sampaio

Há 10 anos, os filmes de super-heróis eram muito nichados, em um período em que apenas fãs de quadrinhos, crianças e alguns poucos curiosos se interessavam por essas adaptações. Poucos eram os longas que furavam a bolha, como Superman – O Filme (1978), Batman (1989) e Homem-Aranha (2002). Porém, tudo mudou em abril de 2012, pois Os Vingadores (The Avengers) chegava aos cinemas mundiais, representando o que seria o princípio de uma era. 

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Avenida Brasil: o triunfo do povo completa 10 anos

Nina, criança morena de face triste, cabelos longos castanho escuro, de blusa com listras brancas e vermelhas e macacão jeans, colar, dentro de um carro com um braço escorado no vidro da janela, em seus braços têm duas pulseiras, uma amarela, vermelha e verde, a outra vermelha e dourada. No vidro é refletida a Carminha, mulher branca, loira, de cabelo preso, com camisa verde água e rosto meio sorridente. O carro é azul claro com bancos marrons pastéis.
O início da trama foi marcado pela Mel Maia emocionando o país (Foto: TV Globo)

Lucas Lima

Quando perguntam qual a melhor novela que você já acompanhou?, não é difícil ver muita gente falar Avenida Brasil. A novela que literalmente parou o país, ficou no imaginário popular e se mantém viva, mesmo após uma década de seu início. Quem acompanhou a saga da vingança de Nina contra Carminha sabe quão fervorosos eram os momentos em frente à TV, com todos os olhos vidrados na tela e muitas respirações quase nulas com as cenas mais tensas, até o último capítulo, transmitido em outubro de 2012.

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O otimismo inabalável de Belle

Cena do filme animado Belle. Belle (Kaho Nakamura) é vista de perfil, olhando para a esquerda enquanto sorri e leva as mãos ao peito. Belle é uma mulher magra, asiática, de longos cabelos rosa-claros e grandes olhos azuis. Ela possui uma linha de sardas vermelhas embaixo dos olhos e maquiagem rosa nas bochechas, entrecortada por padrões retos e brancos. Em seus cabelos, flores vermelhas estão presas acima das orelhas e seu vestido também é recheado delas. Ao fundo, vemos outras flores de várias cores e luzes amarelas cintilando contra um fundo escuro.
Apesar de não ter sido selecionado para concorrer ao Oscar, Belle é um testamento ao poder da animação como meio (Foto: Studio Chizu)

Gabriel Oliveira F. Arruda

Por mais que seja tentador reduzir o mais recente filme do cineasta Mamoru Hosoda à uma reinterpretação moderna de A Bela e a Fera, esse simples elevator pitch não faz jus à complexidade temática e emocional da nova animação do Studio Chizu. Belle (Ryû to sobakasu no hime, no original em japonês) passa bem longe de ser uma “versão anime” do clássico francês e, ao invés disso, se utiliza da familiaridade de suas dinâmicas para contar sua própria história de amor transformativo na era das redes sociais e realidades virtuais, num semi-musical de escopo glorioso e, ao mesmo tempo, íntimo.

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5 anos atrás, Greta Van Fleet reviveu o bom e velho rock’n’roll no EP Black Smoke Rising

Capa do EP Black Smoke Rising da banda Greta Van Fleet. A imagem tem fundo predominantemente ocre. No centro tem uma fumaça marrom avermelhada com os rostos dos integrantes da banda estampados. Todos são homens brancos de cabelos bagunçados castanhos. Ao canto esquerdo, está escrito Greta Van Fleet Black Smoke Rising com letras ocres
A fumaça preta sobe e já sabemos que é o início de uma nova era – o rock não morreu (Foto: Republic Records)

Leticia Stradiotto

No ano de 2012, dentro de uma garagem em Frankenmuth, cidadezinha alemã de Michigan, o som mais esperado pelos apreciadores do bom e velho rock’n’roll nasceu com a banda Greta Van Fleet. Em seu primeiro trabalho, o EP Black Smoke Rising, o grupo rebateu – com impulso – a polêmica e extremamente cansativa frase “Não se faz mais o rock como antigamente”, o êxito da banda disparou talento e reviveu a intimada e almejada melodia dos anos 70.

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Em nome de Verhoeven, todos bebem do sangue de Benedetta

Cena do filme Benedetta. Nela, está o rosto de Benedetta aproximado. Benedetta é uma freira adulta branca. Ela veste um hábito. Seus olhos e boca estão fechados. No olho esquerdo, um polegar passa água benta por cima. O polegar é de uma pessoa branca. O olho direito também está umedecido pela água.
De santa imaculada à iconografia sexual, Benedetta é a falsa heroína do drama controverso de Paul Verhoeven, que após sua estreia mundial em Cannes 2021 inflamou protestos pela crítica conservadora (Foto: SBS Productions)

Ayra Mori

Intocável, a figura da freira se tornou fonte de lascivas fantasias. Cobertas pelo mistério do tecido negro de seus hábitos, enclausuradas pela solidez das paredes de pedra e tomadas pela devoção santificada por Jesus, desde a origem da Igreja Católica como organização, a silhueta inconfundível das noivas de Cristo corporificou-se, do espírito à carne, contra o olhar. Desse olhar reprimido emergiu uma miríade de representações cuja maior tentação se debruça no magnetismo feminino oculto dentro de um convento. No retorno de Paul Verhoeven em Cannes 2021, o drama semi-biográfico Benedetta tateia o subgênero, revelando, por trás do protagonismo progressivo das mulheres enquadradas em cena, um agressivo observador – masculino.

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